Victor celebra convocação com a mãe após baque e passeata frustrada em 2010

Vanessa Ruiz

Do UOL, em São Paulo

  • Bruno Cantini/site oficial do Atlético-MG

"Em 2010, foi terrível." É assim que Neusa Vidotto Bagy, de 65 anos, define a experiência que ela já pode esquecer em paz. Dona Neusa é mãe do goleiro Victor, do Alético-MG, um dos poucos jogadores que só souberam que iam para a Copa do Mundo na exata hora em que Felipão leu os nomes dos convocados, nesta quarta-feira.

Dona Neusa confirma que eles não estavam mesmo sabendo e que os últimos tempos foram sofridos para o goleiro e para a família: "O Victor disse que dormiu bem nesta noite, mas a ansiedade bate mesmo, não tem jeito". A alegria na voz da mãe do goleiro durante o contato com nossa reportagem deixava claro que a decepção da convocação de 2010, quando ele perdeu a vaga para Doni, então no Roma, ficou para trás.

Àquela época, em conversa com o UOL Esporte, dona Neusa contou sobre o baque da não convocação por Dunga para a seleção que foi à África do Sul: "Aquele dia choramos junto no telefone. Sabemos como é filho, mãe tem que tirar leite de pedra, endurecer o coração e buscar no fundo alguma coisa. Nos falamos bastante e ele acabou superando". Havia até uma passeata programada para comemorar a convocação na cidade onde nasceu, no interior de São Paulo, e tudo teve que ser cancelado.

"Desta vez, a gente tinha consciência de que estava entre o [Diego] Cavalieri [goleiro do Fluminense] e ele, e que o Victor estava bem cotado", conta dona Neusa. Uma das grandes fontes de sofrimento, no entanto, foram os programas esportivos na televisão: "Quando eu assistia aos programas, era assim: tinha quatro jornalistas que preferiam o Victor, mas aí aparecia outro que falava que o Cavalieri tinha jogado a Copa dos Confederações, que era homem de confiança do Felipão... E isso aí já me puxava o tapete, sabe? Já ficava mal".

Em entrevista ao programa Arena SporTV, depois do anúncio desta quarta, Victor também falou sobre a ansiedade: "Viver a expectativa te deixa tenso e ansioso. Tem muita especulação, mas até a lista sair, você fica na expectativa".

Quando o nome de Victor foi anunciado, a mãe do goleiro mandou uma mensagem de celular atrás da outra até receber uma ligação do filho: "Ele me contou que, lá na casa dele, eles já comemoram quando foi falado o nome do Jefferson [goleiro do Botafogo] porque o Felipão anuncia em ordem alfabética, né? Mas eu não sabia disso, não. Então eu esperei falarem o nome dele".

"Foi um iceberg que tinha na barriga. Estou muito feliz e orgulhoso em poder representar meu país. Me considero realizado. Era um grande sonho que tinha", disse Victor.

A convocação para terceiro goleiro é excelente, mas nem de longe diminui as altas expectativas da família, sempre coruja: "Ah, quem sabe ele não vira titular, né? Não, mas eu sei que o titular é o Júlio César, imagina", especula dona Neusa.

Apesar de saber que esse sonho deve ficar para 2018 a não ser que algo inesperado aconteça, dona Neusa não encerra a conversa sem antes propagandear o que o filho tem de bom: "Na época do Dunga, o pessoal sempre o elogiou muito pela dedicação. O Victor é um menino bom, não é de noitada, não bebe, não fuma e é muito caseiro. Eu acho que ele é o atleta perfeito. Que atleta hoje não tem vício nenhum? Isso é muito bom pro treinador, que pode sempre contar com ele". Ouviu, Felipão?

Confira os 23 convocados do Brasil para a Copa do Mundo:

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