Segurança da Copa terá 180 mil homens e até lançador de mísseis

Ezequiel San Martín

Do Clarín, em São Paulo

Centro Integrado de Comando e Controle de Belo Horizonte. Membros da Polícia Militar e de outras forças de segurança revisam as múltiplas telas que entregam as 1.300 câmeras que vigiam a cidade do aeroporto até os arredores da capital de Minas Gerais. 

Já está funcionando e por enquanto tudo parece ser um grande teste. 

De lá, onde o jornal Clarín esteve, 36 órgãos de segurança controlarão todos os movimentos da Seleção argentina, que escolheu Belo Horizonte,  onde está situado o campo de treinamento do Atlético Mineiro, para passar seus dias no Brasil. 

Mas o seguimento de Lionel Messi e companhia não é o que mais preocupa as autoridades brasileiras para a Copa do Mundo. 

Protestos 

O Brasil teme ameaças relacionadas à segurança, devido às manifestações que já ocorreram durante a Copa das Confederações e à insegurança que é um flagelo nas grandes cidades. 

Mas para não levar sustos o governo brasileiro preparou um operativo que mobilizará 180.000 agentes de segurança, recorde para uma Copa do Mundo, superando os 140.000 da África do Sul 2010.

Serão 100.000 integrantes da Polícia Federal, Militar e Civil, mais 24.000 homens de segurança privada e cerca de 57.000 de unidades das Forças Armadas. 

A maioria deles passou por um treinamento especial e alguns utilizarão vários equipamentos adquiridos pelo governo brasileiro, que incluem, entre outras coisas, lançadores de mísseis de fabricação sueca e trajes especializados inspirados no personagem Darth Vader, o vilão da saga de Hollywood, a Guerra das Galáxias. 

Também serão colocados em prática os planos antiterrorismo. 

Mas parece difícil imaginar que um desses lançadores de mísseis possa ser utilizado em outras questões, como, por exemplo, para dispersar manifestações. 

Esse é um dos assuntos que mais preocupam, o das manifestações, que no ano passado reuniram mais de um milhão de pessoas, em sua maioria jovens, nas principais cidades do país e que ameaçam se repetir. 

Naquele momento, as pessoas misturaram diversas reclamações contra o governo de Dilma Rousseff, aproveitando a realização da Copa das Confederações para obter a atenção necessária. 

A maioria dos protestos foi pacífica. Mas em alguns setores houve momentos de tensão, vários presos e centenas de feridos. Tudo isso serviu de aviso às autoridades: no Brasil, nem todo mundo quer que tenha Copa.

Nos últimos meses, as manifestações continuaram, agora sim, com foco na Copa. Decresceram em quantidade de seguidores, mas aumentaram em violência. E São Paulo está forrada de cartazes "Não vai ter Copa". Esse é outro sinal para preocupação. 

Mas nem todo o foco está colocado aí. O Brasil também registra cerca de 53.000 homicídios por ano e por isso setores opositores criticam com força que o investimento de R$ 2 bilhões, que foram destinados para a segurança da Copa, seja usado inteiramente para a compra de armamentos e treinamento de homens e quase nada para investigação e perícia. 

Legado 

O legado, após a Copa, é outro assunto. "Temos a violência do dia a dia que preocupa a população e vamos proteger a nossa gente e os que vierem à Copa", disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Barrabravas

A presença de visitantes violentos, claro, também está na mira das autoridades. Elas sabem que da Argentina virão os "barras" (torcedores argentinos violentos) que já são conhecidos no país vizinho. 

Dizem também estar preparados. Mas não os querem nem perto. 

Ministro 

Aldo Rebelo disse ao Clarín: "Temos um plano para que os violentos não cheguem à Copa. Queremos que a polícia dos países amigos fique com eles em seus próprios aeroportos". 

Assim deveria ser. É assim que o Brasil quer. Mas da Argentina não chegam as respostas que eles buscam. 

Os barras agrupados em Hinchadas Unidas Argentinas apresentaram uma liminar na Justiça para que o governo de Cristina Kirchner não envie informação com os nomes e antecedentes dos violentos que pretendem viajar. E a Justiça deu a razão a essa agrupação que conta com mais de 600 integrantes. 

Essa medida é definitiva? Poderia não ser. Mas o chefe de Gabinete (Casa Civil), Jorge Capitanich, já anunciou que essa decisão da juíza Cecilia Gilardi Madariaga de Negre não será apelada.

Com o plano A esgotado, o Brasil pensa no plano B. "Se não for possível retê-los na Argentina nossa polícia tentará retê-los quando chegarem ao país. E se for possível, eles serão devolvidos à sua terra", disse Rebelo. 

A Interpol estará presente e haverá membros da Polícia Federal assessorando as forças que cuidarão da segurança na Copa. 

Serão os quatro que cada país mandará e outro grupo que estará muito perto destes torcedores.

O Brasil teme porque ele será o centro das atenções durante um mês. Mas apesar de não estar tudo pronto em questões de infraestrutura, o país parece estar preparado em assuntos de segurança.

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