Álbum de capa dura some das bancas e frustra jornaleiros e colecionadores
Vanessa Ruiz e Verônica Mambrini
Do UOL, em São Paulo
Ele mal chegou às bancas e livrarias e já sumiu. Em pré-venda desde o mês passado pela internet, o álbum da Copa do Mundo de 2014 em versão capa dura teve uma demanda em bancas e jornais muito maior do que a editora Panini previu.
A primeira distribuição foi feita na terça-feira, 8 de abril, conforme programado pela editora. A venda dos envelopes de figurinhas havia começado quatro dias antes e, no final de semana, uma ação conjunta com alguns jornais já havia feito a entrega gratuita dos álbuns em versão "normal", ou brochura, que também estavam sendo vendidos por R$ 5,90 a unidade.
Na terça-feira, a reportagem do UOL Esporte circulou pela ruas de São Paulo, um dos principais centros de distribuição, e apurou que o número de álbuns recebidos por cada banca variou, em média, entre zero e cinco exemplares, o que deixou jornaleiros furiosos.
Sergio Amaya, dono de banca de jornal na região da Avenida Antarctica, zona Oeste da cidade, está no grupo dos jornaleiros que não receberam nenhum álbum de capa dura para venda até agora: "Tem um monte de gente procurando. Eles chegam, vêm que não tem o de capa dura e desistem de comprar figurinhas também. Como eu vou fazer? Agora que nós estaríamos ganhando dinheiro, eles [Panini] fazem isso", diz Sérgio, ciente da perda de receita por não conseguir atender à demanda dos clientes.
Ele solicitou 40 álbuns de capa dura para a Panini, mas ainda não recebeu resposta. "Estão dizendo nas livrarias que banca não vai vender o álbum de capa dura. Isso é um absurdo!", esbravejava Sergio. Apesar de algumas bancas terem recebido o produto como comprovado pela reportagem, a informação oficial da Panini é de que os álbuns "premium" só foram distribuídos em livrarias, e que tal estratégia foi adotada por ser um produto novo e com preço de capa quatro vezes maior do que a versão comum.
Mas também nas livrarias houve quem se frustrasse. Os amigos Natan Marinheiro, economista, e Fernando Landi, bancário, chegaram na hora do almoço a uma livraria na Avenida Paulista apenas para ver uma outra pessoa levar 36 álbuns de capa dura que havia reservado pela manhã: "Já passamos por três bancas e agora estamos aqui, e nada. Só vamos começar a comprar figurinhas quando tivermos o álbum", disse Natan. Naquela livraria, não sobrou nada. O sortudo comprador das quase quatro dezenas do objeto mais cobiçado da semana saiu carregando cinco sacolas e recusando-se a se identificar para nossa reportagem.
Na mesma Avenida Paulista há uma série de megabancas conhecidas por vender todo tipo de publicação, incluindo aquelas mais difíceis de achar. Por ali, duas senhoras já na casa dos 70 anos reclamavam com o jornaleiro da Banca Gazeta porque ele não havia reservado os álbuns em "versão de luxo" que elas haviam pedido: "Meu genro está louco atrás disso", dizia uma delas.
Do outro lado da rua, na Banca Paulista News, o jornaleiro Carlos Vinicius da Silva estimava que pelo menos 40 pessoas já tinham passado por ali até o meio-dia de terça-feira atrás de álbuns de capa dura: "Está todo mundo procurando o de capa dura e nós só recebemos cinco, esgotou nos primeiros minutos".
Em nota enviada à reportagem do UOL, a editora informou que "a aceitação do produto superou todas as expectativas das redes de livrarias e da Panini e a produção inicial foi esgotada rapidamente". Foi providenciada uma "grande reimpressão", mas a editora se esquiva de confirmar números e a data precisa da distribuição. Informa apenas que tal reimpressão "chegará ao mercado na próxima semana e será distribuída para livrarias e bancas de jornais e revistas".