Colecionadores reclamam, e Panini promete trocar figurinhas de publicidade
Vanessa Ruiz*
Do UOL, em São Paulo
Não faz nem uma semana que a Panini iniciou as vendas de figurinhas para o álbum da Copa do Mundo de 2014. E, mesmo em tão pouco tempo, uma leva de colecionadores furiosos começou a se manifestar por e-mail, telefone e redes sociais contra uma surpresa nos envelopes de figurinha que consideraram desagradável: os cromos patrocinados.
Nesta quinta-feira, no entanto, a Panini comunicou que os descontentes terão direito à troca destes nove cromos cujos espaços para colagem estão nas páginas 22 (Liberty Seguros), 41 (Wise Up) e 75 (Johnson & Johnson) do álbum. Basta entrar em contato pelo Fale Conosco no site da editora (http://www.torcidapanini.com.br/), por e-mail através do endereço atendimento.cliente@panini.com.br ou enviar uma carta (Caixa Postal 210 – Tamboré, Barueri, SP - CEP: 06455-972) contendo os dados completos de remetente e o colecionador receberá de volta figurinhas aleatórias mais dois pacotes fechados como compensação pelo custo de envio da carta.
Já no início da semana, o blogueiro Mauricio Stycer havia criticado a venda de figurinhas dos patrocinadores, mencionando o fato de que, ainda que quisesse, o colecionador não conseguiria ignorá-las porque elas são distribuídas normalmente nos envelopes que contêm cinco figurinhas, vendidos por R$ 1,00.
"Eu realmente me surpreendi negativamente quando encontrei as primeiras patrocinadas. É algo que destoa totalmente do meu 'imaginário sentimental' em relação aos álbuns", diz a estudante Rafaela Braga, de Minas Gerais, que ignora os cromos e nem chega a colá-los. Nem a disposição da Panini para a troca alivia a frustração de Rafaela: "Seria infinitamente melhor se nem existissem ou, caso existissem, que fossem cromos a mais, além dos cinco já existentes nos pacotes".
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- http://copadomundo.uol.com.br/enquetes/2014/04/10/voce-vai-considerar-seu-album-da-copa-completo-mesmo-que-faltem-as-figurinhas-patrocinadas.js
Caroline Rodrigues é a fundadora do grupo "Você e o álbum da Copa" no Facebook e faz parte da turma frustrada pela iniciativa da editora de incluir figurinhas em páginas de publicidade: "Tenho umas 250 repetidas e pelo menos 15 são de patrocinadores. O pessoal não gosta muito [das patrocinadas], é muito mais difícil trocar porque não é ela que completa o álbum".
No site ReclameAqui, um consumidor de Jundiaí esbravejou contra o que chamou de "desrespeito total com os consumidores". "Se eu quisesse colecionar logomarcas, era só ir no (sic) mercado ou em qualquer esquina, em cooperativa de reciclagem, nem precisaria pagar por isso", disse na reclamação publicada no site. A Panini respondeu apenas que enviaria o posicionamento da empresa através de e-mail.
Em nota, a editora defendeu a presença do que chama de "figurinhas institucionais" de seus "parceiros promocionais": "O álbum não estará completo sem qualquer uma das 649 figurinhas e isto justifica a inclusão de todas as figurinhas nos envelopes de forma uniforme". Segundo a Panini, é a presença dos patrocinadores que permitiu "ampliar significativamente a distribuição gratuita de álbuns, atingindo um número recorde de mais de seis milhões de exemplares".
Consultado pela reportagem, o Procon-SP, órgão de defesa do consumidor, informou que não vê irregularidades no fato do cromo patrocinado estar sendo vendido em duas pontas, para a empresa anunciante e para o consumidor final. Ainda assim, a entidade civil Proteste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, entende que pode estar havendo oferta enganosa por parte da Panini. A alegação é de que o consumidor está sendo obrigado a pagar por algo que não espera encontrar nos envelopes. A entidade também notificou a editora para que informe, nos pontos de venda, a possibilidade de troca dos cromos patrocinados por quem se sentir prejudicado.
Apesar do barulho dos descontentes ser mais alto, há a turma dos resignados. O engenheiro Vinicius Intrieri pegou, por vontade própria, um cromo destes numa troca: "Era o que faltava e eu queria acabar logo com isso, parar de passar raiva".
*Colaborou Verônica Mambrini.