A garantia dada pelo ministro Aldo Rebelo de que essa será "a Copa mais segura da história" não parece ter sido suficiente para convencer turistas estrangeiros a vir ao Brasil de cabeça fria.

Torcedores ingleses têm procurado serviços de guarda-costas para andar mais tranquilos no país. Uma grande agência inglesa especializada em turismo esportivo está trazendo cerca de 500 torcedores para os jogos de sua seleção em Manaus, Belo Horizonte e São Paulo.

Nos hotéis, no caminho aos estádios e até em áreas dentro das arenas eles serão acompanhados de perto por seguranças que tentarão afastar qualquer ameaça aos turistas.

Seus principais medos? "Protestos com violência, revoltas e, Deus me livre!, atividades terroristas", disse David Pearson, diretor da BAC Sport, agência de viagens parceira da federação inglesa de futebol.

Pearson está a caminho do Brasil para os últimos acertos com os guarda-costas que cuidarão dos turistas. Eles serão ex-policiais militares e ex-soldados do Exército, todos com "grande experiência" nessa atividade.

Ao ser questionado sobre se os seguranças estarão aptos a usar armas de fogo durante o trabalho, o executivo deu uma resposta dúbia: "Não oficialmente."

"Nós não temos nenhuma permissão oficial para [usar] qualquer tipo de armas ou armamento não-letal", explicou Pearson mais tarde. "Ainda estamos nos correspondendo com as autoridades para discutir tudo sobre segurança."

Quando um potencial cliente procura a agência e a questiona sobre os guarda-costas, uma atendente informa que "devido a [questões de] confidencialidade, eu não posso dar mais informações sobre a equipe de segurança, mas posso dizer que eles são bem equipados para cuidar de nossos convidados como vimos em anos anteriores".

A "equipe de segurança" é um serviço oferecido por essa agência desde a Copa de 2010, na África do Sul. Guarda-costas também acompanharam os torcedores na Eurocopa de 2012, quando os ingleses jogaram na Ucrânia.

No caso da Copa no Brasil, um pacote de cinco noites em Manaus (onde os ingleses enfrentam a Itália em sua estreia), com passagens, hotéis, traslados e guarda-costas custa 2.999 libras, quase R$ 11.500.

Com contratos com a Fifa para 2014, a multinacional espanhola Prosegur observou um aumento de 20% na demanda por segurança particular por causa da Copa do Mundo.  "Todos os países têm dedicado atenção especial à segurança de suas comitivas e VIPs durante a estadia no Brasil", disse o português José Luís Rodrigues, diretor da companhia.

Também o governo britânico quer minimizar os riscos a seus cidadãos em visita ao Brasil. Desde o ano passado, o serviço consular de Sua Majestade mantém uma página para aconselhar os turistas ingleses.

"Ladrões atuam tanto dentro quando fora de restaurante e hotéis", informa a página. "E eles são bons em localizar turistas e saber quando eles carregam valores."

"Esteja pronto para entregar seus bens se for ameaçado. Não tente resistir a ataques, eles podem estar armados ou sob influência de drogas."

OUTROS PERIGOS

Quando o acaso juntou as bolinhas de Inglaterra e Itália para fazer suas estreias na calorenta Manaus não foi apenas a testa do técnico Roy Hodgson que começou a suar por antecipação. Os torcedores que já pretendiam vir à Copa se encheram de dúvidas sobre o que os aguardava na cidade cravada no coração da Amazônia.

Além das preocupações com segurança, o governo britânico alerta para perigos como o risco de afogamento nas areias movediças na praia de Ponta Negra ("evite nadar no rio!") e a possibilidade de ser atacado por animais selvagens ou insetos peçonhentos na floresta.

Também aconselha seus cidadãos a não tentar levar do país espécies de plantas ou animais, já que biopirataria é crime.

E, por último, mas não menos importante, o serviço consular alerta que no Brasil as doses de drinques são maiores do que no Reino Unido, o que, aliado ao calor tropical, pode levar à desidratação e ao porre.

"Pegue leve", aconselha o governo.