Vai ter Copa sim! Página vira hit na web por mostrar "o melhor do Brasil"

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

Desde o último ano, as ruas do Brasil foram invadidas por diversas manifestações contra a Copa do Mundo. No entanto, uma página de rede social decidiu andar na contramão dos protestos e virou um hit da internet por defender a competição de um jeito bastante irônico. 

Criado em fevereiro deste ano, o perfil do Facebook "Vai ter Copa sim" rapidamente ganhou simpatizantes e virou uma febre na rede, com quase 35 mil seguidores em pouco mais de um mês de atividade. Idealizada em um bar por um publicitário e um analista de mídias sociais, a página tem seu conteúdo baseado em uma série de "brasilidades".

Não faltam alusões ao grupo "É o Tchan", ao cantor Alexandre Pires na época do bigodinho e a situações constrangedoras envolvendo estrelas e subcelebridades da televisão brasileira. Todos exemplos irônicos do que o Brasil pode oferecer. 

"A ideia surgiu por meio de um sentimento ufanista, de orgulho do nosso país quando o tema é futebol. Queremos mostrar pra eles que aqui tem muito mais do que futebol e protesto. Copa não é só futebol, é um estado de espírito. É um carnaval fora de época, em escala mundial", exalta Raphael Evangelista, de 26 anos, publicitário e um dos idealizadores do movimento. 

"Mas, falando sério, a Copa vai mostrar o reflexo deste país desde 1500. Um país de governo acomodado, oportunista e aproveitador da boa vontade da população. Vai ter Copa, claro. Vai custar caro. E o legado? Nenhum. A menos que em campo o hexa venha, daí é tudo festa. Nós gostamos de futebol e de Copa, claro. Mas sabemos que é tudo um grande circo e nosso país é o cenário", completa Raphael.

A popularidade do "Vai ter Copa sim" gerou alguns inconvenientes aos criadores por ter um nome a favor do Mundial no Brasil. Algumas pessoas criticam a dupla por defender a competição, outras reclamam que se trata de um perfil para ironizar o torneio. Mas a confusão do público não parece tirar o sono dos criadores, que se dizem tranquilos com toda a repercussão do "movimento" que criaram.

"Já teve 'Zé Mané' enchendo o saco. Já teve ameaça, já teve uma mulher da Alemanha entrando em contato para entrevistar o grupo que 'apoia a Copa'. No começo eu fiquei com um receio, mas agora eu não estou nem aí", diz o analista de redes sociais e criador da página Fabricyo Rodrigues, de 25 anos.

"Não tenho medo nenhum. É farra, é Brasil, é Copa. Quem tem que entender, entende. Sobre a esquerda? A única coisa na esquerda que importa é o Marcelo (lateral da seleção). Tem uma galera engajada que entende a página como irônica. Tem gente que não, porque o brasileiro só quer saber disso aí mesmo, de zoeira. Não importa a situação do brasileiro, a zoeira prevalece", arremata Raphael.

Independentemente de críticas ou elogios, Fabricyo e Raphael não escondem a felicidade com a repercussão que o "Vai ter Copa sim" ganhou logo no primeiro mês de atividade. Atualmente, a dupla não tem tido muito trabalho para gerar conteúdo devido ao grande número de sugestões enviadas pelos internautas, aproximadamente 30 por dia.

"Somos dois retardados com memória boa. A repercussão é a melhor possível, o povo abraçou a ideia da página. A galera da internet entende a ironia. O pessoal é acostumado com essas coisas, a bagunça que é o Brasil. Todo mundo quer contribuir e lembrar algo. Material não falta e agradecemos. É uma página que funciona mais pela colaboração das pessoas. Nem colocamos legenda nas fotos, que é para deixar a galera viajar nos comentários. Não tem dono, a Copa é do povo", analisa Raphael.

Com o sucesso repentino, a dupla já pensa em voos mais altos para o Mundial, como um projeto de vídeo e até mesmo uma continuação para a Olimpíada. Mas ambos deixam bem claro: o objetivo não é ficar famoso, é se divertir – e talvez ganhar um ingresso para algum jogo do Mundial.

"O plano depois da Copa é beber muita cerveja pra comemorar o título. E durante a Copa temos um projeto de um Vlog, algo do tipo. Reconhecimento eu quero é de uma marca de cerveja patrocinando a gente, isso sim", brinca Fabricyo. 

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