Protesto anti-Copa tem cinco detidos e avenida Paulista fechada

Vinicius Segalla

Do UOL, em São Paulo

Nesta quinta-feira, uma nova mobilização do movimento "Não vai ter Copa"  aconteceu na zona oeste de São Paulo. A Polícia Militar estima que cerca de 1.500 manifestantes se concentraram no Largo da Batata e seguiram pela avenida Paulista. Os participantes alegam que haviam pelo menos 3.000 pessoas. A Polícia informou que deteve cinco manifestantes por depredação e por estarem munidos de esferas de aço e estilingue. 

Após a operação, a PM divulgou um balanço total do protesto: além dos cinco manifestantes detidos, uma porta de agência do Banco do Brasil foi estilhaçada e um carro foi atingido por um sinalizador. 

"Consideramos que a atuação foi um sucesso e queria que todas (as manifestações) fossem assim", explicou o tenente-coronel Eduardo, responsável por chefiar a operação. 

Depois de uma caminhada pacífica de três horas, um manifestante jogou um coquetel molotov, e iniciou-se um confronto entre policiais e manifestantes, mas que logo foi controlado. O Batalhão de Choque fechou toda a avenida Paulista nos dois sentidos. Durante a caminhada pela avenida, os policiais foram escoltando todas as agências bancárias, consideradas por eles o principal alvo dos "black blocks". 

Às 19h05, os manifestantes sentaram no Largo da Batata e passaram a ler sua lista de revindicações. De acordo com eles, o protesto era "contra a Copa do Mundo no Brasil, o aumento da tarifa do transporte público, a corrupção nas licitações públicas, o Estado terrorista e a Polícia Militar genocida". 

Pelo menos 45 membros da polícia estavam sem identificação. "O fardamento é novo e não deu tempo de costurar", justificou o tenente-coronel Eduardo, responsável pela operação. 

A reportagem do UOL Esporte flagrou uma equipe policial revistando um grupo de garotos. De acordo com o coronel Rocha, que estava na equipe de revista, os policiais buscavam um grupo específico: jovens de camisa preta, botas militares e mochila, figurino comumente usado pelos "black blocks". 

"Há uma orientação de zerar o risco de violência quando se encontram pessoas com essas características", explicou. 

O chefe da operação tenente-coronel Eduardo admitiu que a polícia poderia usar novamente prisões preventivas caso fosse necessário. 

"Não é nossa estratégia inicial, mas se necessária, a prisão preventiva será feita", afirmou. "Isso acontece quando a gente enxerga a possibilidade de um mal maior, como depredação de patrimônio público ou privado e atos de violência, quando por exemplo as pessoas começam a sacar martelos dos bolsos ou coquetéis molotov". 

A Polícia Militar de São Paulo escalou mais de 2 mil agentes para a operação no protesto. Numa iniciativa inédita, coletes foram oferecidos para a imprensa - em fevereiro, cinco profissionais foram presos mesmo após se identificarem. 

Esta é a segunda ação do "pelotão ninja" ou "tropa do braço" da Polícia Militar, em que policiais especializados em artes marciais são utilizados para conter os manifestantes sem o uso de armas e bombas. Cerca de 50 profissionais deste "pelotão de contenção", como foi denominado oficialmente pela Polícia Militar, foram mobilizados. 

No último protesto anti-Copa em São Paulo, no dia 23 de fevereiro, 232 pessoas foram presas e levadas em três ônibus para delegacias da capital com base na percepção de que atos de vandalismo estavam para começar. O número foi quase o dobro do total de detidos no primeiro protesto de 2014. No dia seguinte, todas as pessoas foram libertadas por falta de provas para acusação. 

Cada manifestação do movimento "Não vai ter Copa" possui uma reivindicação diferente.O primeiro protesto pedia melhores condições dos serviços de saúde no país. Já o segundo protesto teve como tema a educação. Nesta quinta-feira, o lema era "se não tiver transporte, não vai ter Copa".  

O quarto ato contra a realização do Mundial do Brasil já está marcado para o dia 27 de março, às 18h, na avenida Paulista. 

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