Inacabada e com problema de acessibilidade, Arena da Amazônia é inaugurada
Elendrea Cavalcante
Do UOL, em Manaus
A Copa do Mundo já conta com oito estádios inaugurados. Neste domingo, a Arena da Amazônia se juntou ao grupo, apesar de estar com 98% das obras concluídas. A partida inaugural foi entre Nacional e Remo, pelas quartas de final da Copa Verde, e terminou 2 a 2, resultado favorável aos visitantes, que seguem na competição.
Como foi o primeiro evento-teste da arena, foram disponibilizados 20 mil ingressos (a capacidade, quando concluída, será pouco mais de 42 mil torcedores). Desse total, 35% foram destinados aos operários da obra. Nos últimos dias, inclusive, a imprensa local denunciou que alguns deles estavam repassando seus ingressos a cambistas.
Outro contratempo foi a acessibilidade, principalmente dos cadeirantes. Muitos deles reclamaram ao UOL Esporte sobre as condições e a falta de organização na área destinada ao estacionamento.
"Nos reservaram como área de estacionamento um espaço do sambódromo. A ideia era seguirmos de lá para a Arena com todo o apoio possível. Acontece que a organização com os cadeirantes não estava funcionando. Havia uma burocracia desnecessária. Eles estavam pedindo no estacionamento um credenciamento de cadeirante. Ora, se estou em uma cadeira de rodas, isso não é suficiente?", indagou a cadeirante Isis Palheta.
O governo do Estado explicou que este foi o primeiro jogo-teste na Arena e outros acontecerão até que o local tenha o padrão exigido pela Fifa para a Copa do Mundo. Durante a inauguração, ficou definido que o segundo teste da Arena será no próximo sábado, com o jogo entre Fast e Princesa do Solimões - primeira partida da final do primeiro turno do Campeonato Amazonense.
Apesar das ameaças, os manifestos que estavam cogitados para ocorrerem desde a primeira data de inauguração programada (antes seria dia 14 de fevereiro, com a presença da presidente Dilma Rousseff em Manaus), não tiveram qualquer sinal. O único mal estar ocorreu durante alguns momentos do jogo com xingamentos entre os torcedores, já que historicamente as torcidas do Amazonas e do Pará são rivais e não houve qualquer previsão de separação do público dentro do estádio.
O movimento "Vem pra Rua Manaus" chegou, inclusive, a montar oficina para confecção de cartazes ao longo das últimas semanas. O material seria levado para Arena, mas as barreiras montadas no raio de um quilômetro do estádio impediram qualquer movimentação que pudesse tirar o brilho da festa.
As barreiras fizeram parte do esquema de segurança montado para o evento. Um total de 2,1 mil policiais fizeram o monitoramento dentro e fora do campo. Quatro pontos de contenção foram montados: na avenida Constantino Nery – principal via de aceso ao estádio - e ruas próximas, interditadas para a realização da partida. Apenas carros autorizados, torcedores que estiverem portando ingressos, além de moradores de locais próximos tiveram acesso às áreas próximas ao estádio. O esquema incluiu ainda 22 pontos de interceptação em todo o perímetro, com a revista de policiais. Os próprios moradores da área precisaram apresentar algum tipo de comprovante de residência, além de serem acompanhados por policiais até as proximidades de suas casas.
Como o BRT (Bus Rapid Transit), que estava na Matriz de Responsabilidade da Copa, não saiu do papel, a Prefeitura de Manaus e o governo do Estado montaram juntos um plano de mobilidade urbana que incluiu a disposição de 70 linhas de ônibus para acesso ao estádio, com o total de 185 veículos oriundos de todas as partes da cidade. Em Manaus, o BRS (Bus Rapid Service), implantado no último mês de janeiro como uma medida emergencial ao BRT, ainda passa por um período de adaptação junto à população e teve de ser adaptado, neste domingo, sem o funcionamento de algumas de suas plataformas na avenida Constantino Nery, devido ao bloqueio da via para o jogo-teste.
Quem foi de carro ao estádio teve que estacionar a 1,5 ou 2km de distância da Arena, o que não foi problema para torcedores como Daniel e Matheus Carvalho. Os dois foram conferir a inauguração do estádio junto a seus familiares e aprovaram as barreiras e todo o esquema de segurança montado.
"Estacionamos há aproximadamente dois quilômetros, mas não vimos problema algum nisso. Se é para ter algo organizado, podemos sim colaborar. Nós acompanhamos os jogos no antigo Vivaldão, quando éramos crianças, e agora estamos aqui na Arena. Estou satisfeito com tudo".
A Arena da Amazônia será palco de quatro jogos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 – todos válidos pela primeira fase: Inglaterra x Itália, Camarões x Croácia, Estados Unidos x Portugal e Honduras x Suíça.
A Arena da Amazônia conta com um enorme cesto de metal em sua cobertura. O formato do estádio foi inspirado no artesanato indígena de palha da floresta. Dentro, há sete tons de cores nas cadeiras, representando frutas tropicais.