Ser convocado para o teste final é quase certeza de ir à Copa. Desde 1994

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

11/02/201406h00

Já é regra na seleção. Quase todos os convocados para o último amistoso antes da divulgação da lista final da Copa disputam o torneio. A média de presença é de mais de 90% desde 1994. Nesta terça-feira, Luiz Felipe Scolari divulgará os nomes dos jogadores que atuam na Europa e, salvo imprevistos, viajarão para a África do Sul para o último teste antes da convocação do Mundial, que será no dia 7 de maio.

Se seguir a tendência das últimas edições, quase todos que estarão na lista de Felipão para o amistoso contra os africanos jogarão a Copa. O próprio técnico seguiu essa regra em 2002. Antes de definir os 23 convocados para o Mundial da Coreia do Sul e do Japão, Scolari teve o último teste contra Portugal, em abril. Somente três jogadores que foram para a Copa não estavam no amistoso, que terminou empatado em 1 a 1: Dida, Vampeta e Rivaldo, que se recuperava de lesão na época do jogo com os portugueses.

"Estou 70% satisfeito com o time que jogou e isso me deixa plenamente confiante para a Copa. A maior virtude da equipe foi mostrar a mim e a vocês que estamos no caminho correto", disse o técnico após o empate com os portugueses.

Juan e Djalminha foram as exceções em 2002. Estiveram na lista do teste final, mas não foram à Copa. O zagueiro era ainda uma promessa do Flamengo. Já o meia, que era destaque do La Coruña, perdeu a vaga dias antes da divulgação da lista, após dar uma cabeçada no técnico do seu clube, o espanhol Javier Irureta, durante um treinamento. A imagem exibida para todo o mundo levou Felipão a tirá-lo da lista. Kaká, que tinha sido testado em três amistosos, foi convocado.

Atual coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira também seguiu a tendência quando era treinador. Em 2006 e em 1994, 21 dos 23 convocados para Copa estavam no último amistoso antes da divulgação da lista.

Em 2006, Cafu e Gilberto faltaram ao amistoso contra a Rússia, em março, em Moscou, mas foram para o Mundial. O lateral-direito era o capitão do time e foi poupado do teste. Já Gilberto acabou sendo uma surpresa, porque não vinha mais sendo chamado por Parreira.

"Só quero lembrar que Gilberto era titular quando a seleção ganhou da Alemanha e da Argentina na Copa das Confederações do ano passado", disse o técnico à época ao ser questionado sobre a escolha.

Doze anos antes, Parreira cortou apenas dois jogadores que estiveram no último teste antes da lista da Copa de 1994. Sávio e Túlio foram chamados para os amistosos contra Islândia e Canadá. A dupla disputava vaga com Ronaldo, então com 17 anos. O "Fenômeno" desencantou contra os islandeses, fez golaço e ganhou o lugar na equipe. "Acima de tudo, Ronaldo mostrou personalidade", explicou Parreira.

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Rei da coerência

Coerência foi a palavra repetida inúmeras vezes por Dunga durante sua passagem pela seleção brasileira. Foi com ela que o técnico explicou a única mudança de última hora na convocação para a Copa do Mundo de 2010. Adriano, que esteve no único amistoso antes da lista final, contra a Irlanda, perdeu lugar para Grafite.

"Demos inúmeras chances para o Adriano reverter uma situação, mas aí vem a frase que vocês não gostam, que é a tal da coerência, da convicção e do comprometimento. Chegou um momento no qual eu precisei tomar uma decisão pensando no coletivo", explicou Dunga após a divulgação dos 23 jogadores que foram para a África do Sul.

Grafite não tinha sido chamado para o último teste antes da lista, mas ganhou uma vaga no amistoso após Luís Fabiano se lesionar. No jogo, entrou no segundo tempo e convenceu Dunga de que deveria estar na Copa.

Derrota para Argentina fritou Raí

A última vez que o Brasil jogou em casa o amistoso final antes da convocação para a Copa do Mundo foi em 1998, contra a Argentina, no Maracanã. A pressão de um clássico, com torcida, e, claro, atuações apagadas numa derrota para os maiores rivais não trazem boas lembranças para Zé Elias e Raí. A dupla esteve no jogo, vencido pelos argentinos por 1 a 0 e saiu da lista final da Copa da França, divulgada menos de um mês depois.

Além deles, Flávio Conceição também perdeu a vaga na última convocação, mas por lesão. Zé Carlos e Doriva foram as surpresas na lista do time que foi vice-campeão na França.