Marin rebate teoria de isolamento, mas Sauípe desencoraja protestos

Bruno Freitas e Ricardo Perrone

Do UOL, na Costa do Sauípe

José Maria Marin, presidente da CBF
José Maria Marin, presidente da CBF

Uma pergunta de um jornalista estrangeiro sobre a razão da escolha da Costa do Sauípe para o sorteio da Copa inspirou na última terça-feira um discurso exaltado de José Maria Marin sobre nacionalismo. O presidente do Comitê Organizador Local rebateu teorias de isolamento, mas a presença do circo da Fifa no afastado resort do litoral baiano acabou desencorajando atos de movimentos populares que contestam os gastos do torneio.

"Está sendo aqui, como poderia ser em qualquer lugar do Brasil. Nosso país é um país continental. Já disse e repeti isso vários vezes. Poderia ser em qualquer lugar do Brasil. O importante para nós brasileiros é receber as 32 seleções da melhor forma possível de braços estendidos e dar boas vindas aos nossos irmãos de outros países. É festa de futebol e não momento de certas indagações para questionar esse evento. O Brasil tem que mostrar ao mundo que sua grandeza não se resume aos cinco títulos conquistados", discursou Marin, em instante de constrangimento na coletiva de imprensa ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blatter.

A distância pouco inferior a 80 km de Salvador e as dificuldades que os grupos populares teriam para passar pela segurança acabou desanimando líderes a se deslocarem até a Costa do Sauípe.

"Nós queríamos fazer uma manifestação, mas não deu. Cada um tinha agenda cheia no seu trabalho e não conseguimos tempo para cuidar disso. O local que escolheram gera uma série de dificuldades. A gente não conseguiria entrar na Costa do Sauípe. Para a manifestação ter repercussão à distância, precisaríamos levar uns seis ou sete ônibus. Não tivemos tempo para juntar tanta gente. Espero que algum outro grupo consiga ir até lá", disse Rita Amália Carneiro, integrante do Comitê Popular da Copa em Salvador.

Outro movimento bastante atuante durante a última edição da Copa das Confederações foi a Frente Nacional de Torcedores. O grupo que tomou simbolicamente o novo prédio da CBF no Rio também descarta ações durante o sorteio, por dificuldades logísticas.

"Fica complicado estruturar um protesto na Costa do Sauípe. Mas seguimos indignados com a falta de transparência e participação popular na construção da Copa. Copa do Mundo? Pra quem? Onde está o povo? A própria escolha do local do sorteio já evidencia o que a máfia da bola pretende com essa Copa do Mundo: exclusão e elitização do futebol", afirmou João Herminio Marques, presidente da Frente Nacional de Torcedores.

A entrada no luxuoso complexo hoteleiro transformado em quartel general da Fifa é controlada. Só é autorizada a presença de quem tem credencial. Mesmo assim, o esquema de segurança impressiona. São aproximadamente mil pessoas envolvidas, entre policiais e membros das Forças Armadas.

Durante a Copa das Confederações, Salvador foi um dos pontos mais críticos de protestos de rua. O hotel em que a delegação da Fifa se hospedou chegou a ter uma tentativa de invasão.

 

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