Após veto à caxirola, empresa usa marca da CBF e lança o 'apito da Copa'
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
A primeira ideia brasileira para a criação de um instrumento para a Copa do Mundo de 2014 fracassou. A caxirola, chocalho desenvolvido por Carlinhos Brown, foi proibida em estádios ainda na Copa das Confederações. Brasileiros, porém, não desistem nunca. Após o veto à caxirola, uma empresa de Campina Grande (PB) aposta suas fichas num novo produto para transformá-lo na "vuvuzela nacional": o pedhuá.
Esse é o nome de um apito inspirado em um instrumento indígena brasileiro. O objeto cabe na palma da mão, é feito de plástico, e tem o formato parecido com o de um número oito. É mais largo nas extremidades, onde fica o orifício para o assopro, e mais estreito no centro.
Ele foi desenvolvido pela companhia Pedhuá Brasil, de Alcedo Medeiros. A empresa abriu recentemente um escritório em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, já pensando em seus negócios durante a Copa do Mundo.
O projeto da Pedhuá Brasil é ambicioso, assim como era o da caxirola. Medeiros já disse que planeja produzir e vender 50 milhões de apitos no ano que vem, e vendê-los a R$ 10 em todo o território nacional.
Para isso, não poupa esforços. Em 2012, buscou e conseguiu uma chancela do Ministério do Esporte para sua iniciativa. Neste ano, deu um passo a mais. Negociou diretamente com a Nike o licenciamento do pedhuá pela CBF. A multinacional produtora de artigos esportivos é quem detém os direitos da marca da confederação de futebol.
Os valores do negócio entre Pedhuá e Nike não foram revelados, mas a CBF confirmou a negociação. A Nike foi procurada na semana passada, mas não se pronunciou.
Fato é que a Pedhuá Brasil passou a ter direito de estampar o escudo da entidade nos apitos que produz. É com a marca da CBF que o "apito da Copa" está sendo divulgado.
A Pedhuá Brasil já tem um site e perfis em redes sociais. Publica frequentemente no Twitter e no Facebook fotos de celebridades tocando seus instrumentos.
A socialite Narcisa e até Boninho, famoso ex-executivo da Rede Globo, já foram fotografados tocando um pedhuá. O sambista Neguinho da Beija-Flor também é um dos que tiveram foto com o apito divulgada pela empresa. A Pedhuá Brasil, aliás, diz que pretende divulgar seu produto durante o Carnaval do ano que vem.
Apesar de tudo isso, ainda não há posição de Ministério da Justiça nem do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo sobre a presença do pedhuá em estádios da Copa do Mundo. No código de conduta elaborado pela Fifa para o Mundial de 2014, está proibida a entrada nas arenas com "qualquer instrumento musical, independente do tamanho".
A caxirola foi proibida na Copa das Confederações por questões de segurança. O próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou o veto dias antes do início do torneio alegando que uma avaliação técnica havia identificado riscos para jogadores e torcedores. Logo que a caxirola foi lançada, ela foi atirada por torcedores no gramado da Fonte Nova, em Salvador.
Sobre o pedhuá, porém, o Ministério não quis se pronunciar. Já o COL afirmou que ainda não recebeu qualquer pedido de avaliação do produto.
A Pedhuá Brasil foi procurada pela reportagem do UOL Esporte na semana passada. Ninguém da empresa quis passar mais informações sobre o produto.
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