O ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez negou que ele e seguranças da Odebrecht tenham agredido um jornalista da "Folha de S. Paulo" nesta quarta-feira após o acidente na obra do estádio do Corinthians, em Itaquera. Segundo o jornal, o repórter Daniel Vasques foi atacado pelo grupo. Andrés desmentiu essa versão ao fim de entrevista coletiva concedida para tentar explicar o acidente que matou dois funcionários no Itaquerão.

O jornalista afirma que Andrés e os seguranças tentaram pegar o seu celular e dar socos para quebrá-lo. Operários da Odebrecht que trabalham na obra intervieram para defender o repórter e, segundo este, quase foram agredidos também. 

Na sequência, um policial militar que estava no local disse para Vasques entregar o celular aos seguranças e a Andrés, mas o jornalista se negou. O repórter alega que, intimidado, foi obrigado a apagar todas as fotos tiradas do ocorrido.

A assessoria de imprensa do dirigente confirma que ele se dirigiu ao repórter, mas nega que houve agressão. Segundo Andrés Sanchez, o jornalista entrou numa área isolada e foi retirado pelos seguranças.

"Teve um jornalista da Folha que invadiu uma área restrita. Escreveu uma matéria dizendo que agredi. Tenho policiais, arquitetos, quem me conhece sabe que xinguei mesmo. Mas não relei a mão nele. Para variar, é mais um mentiroso", explicou Andrés. "Eu não encostei nele em momento algum. Não houve agressão e tenho testemunhas dos policiais e funcionários que isso não aconteceu. É lamentável que durante um fato tão triste como o que aconteceu hoje existam pessoas que queiram se promover diante da fatalidade", insistiu o dirigente mais tarde, em nota oficial divulgada por sua assessoria.

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou uma nota lamentando a agressão ocorrida com o jornalista da Folha.

"A Abraji lamenta este novo episódio de violência contra a imprensa. Ao agir dessa maneira, o ex-dirigente do Corinthians e o funcionário da Odebrecht atentam contra a liberdade de expressão e o direito à informação. Ao apoiá-los, o policial militar posiciona o Estado contra um direito fundamental do jornalista e da sociedade. Além de Daniel Vasques, que foi agredido, toda a sociedade sai prejudicada".

O acidente matou dois funcionários da obra. O curitibano Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, era casado e pai de três filhos. Era ele quem controlava o caminhão no momento do acidente. A outra vítima é o cearense Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44 anos. Ronaldo era casado e pai de uma única filha.

* Atualizada às 16h19