Ex-atacante do Barça testa fama de "grosso sortudo" por êxito da Islândia
Do UOL, em São Paulo
Em 2006, o Internacional bateu o Barcelona por 1 a 0 para se tornar campeão do mundo pela primeira vez. Do outro lado, um atacante foi praticamente inoperante enquanto esteve em campo contra o time brasileiro. Se tratava de Eidur Gudjohnsen, que sete anos depois pode deixar de ver o Brasil como responsável por uma grande decepção em sua carreira para tê-lo como o palco de realização de seu principal sonho.
Hoje aos 35 anos e no Club Brugge, da Bélgica, Gudjohnsen está longe do ápice de sua carreira, quando atuou por seis anos no Chelsea (de 2000 a 2006) e por outros três no Barcelona (2006 a 2009). Nem titular da pequena seleção de sua Islândia ele é mais, após 17 anos como dono da posição - desde que, em 24 de abril de 1996, aos 17 anos, substitui ao próprio pai, Arnór, em um amistoso contra a Estônia.
Só que, se dizem que as melhores história do futebol são escritas por linhas tortas, o atacante terá a chance de provar nesta terça-feira, quando será titular da Islândia que encara a Croácia (17h15 de Brasília) por uma vaga na Copa do Mundo do Brasil. No final do 1° tempo da partida de ida (0 a 0), Sigthorsson, jovem de 22 anos do Ajax-HOL, contundiu o tornozelo gravemente e desfalcará sua seleção. Quem pegou a vaga aberta para a partida mais importante da história do país? Gudjohnsen, o "grosso" renegado por Chelsea e Barcelon a.
Na Islândia, durante o inverno, a luz do Sol só aparece por cinco horas a cada dia. A neve é constante, tanto que o estádio Laugardalsvollur, na capital Reykjavik, recebeu um jogo sem neve pela primeira vez na história na última sexta-feira (minutos depois do duelo contra a Croácia, a neve voltou a cair).
E foi nesse misto de escuridão e frio que Gudjohnsen começou sua carreira, atuando pelo Valur. Vale lembrar que o Campeonato Islandês ocorre em períodos diferentes da maioria das ligas europeias: enquanto os astros do futebol europeu folgam no verão, os islandeses atuam no período mais quente do ano para não precisarem correr em gramados com neve durante o inverno.
"O futebol costumava ser praticado apenas cinco meses por ano aqui. Fazíamos nossa pré-temporada em ginásios e construímos campos de tamanho oficial em locais fechados. A atual geração é a primeira a poder jogar em campos abertos", contou o atacante em entrevista ao jornal inglês The Guardian.
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Gudjohnsen ao lado de Ronaldinho pelo Barcelona, no Mundial de Clubes de 2006.
Em 1995, porém, ele chamou a atenção do PSV, mesmo clube que apostou em Ronaldo e Romário ainda jovens. Não deu certo e voltou para casa, para atuar no KR. Só em 1999 que ele conseguiu sair do frio islandês para começar sua história nas grandes ligas da Europa.
No Bolton até 2000, foi levado para o Chelsea pré-Roman Abramovich. E lá sua fama de "grosso" surgiu. Por seis anos, conseguiu se manter, mesmo contestado, no clube já milionário. Sobreviveu às chegadas de Drogba e Crespo, por exemplo, e como reserva ajudo una conquista do título inglês de 2005.
Porém, um ano depois, não aguentou quando Shevchenko, Kalou e Ballack foram contratados. Dispensado, muitos pensaram que era o fim do sonho de um islandês por grandes clubes. Mas não. Parou no Barcelona, ao lado de Messi, Ronaldinho e cia. Aliás, deixou Messi no banco por muito tempo.
Em 2009, conquistou a Liga dos Campeões e o Campeonato Espanhol pelo clube. Mas quando o ápice da carreira chegou, novamente foi renegado, agora por Pep Guardiola. E assim começou o declínio de sua carreira, aos 31 anos.
Desde que saiu das manchetes, rodou por Mônaco, Tottenham, Fulham, Stoke City e AEK Atenas, mas nunca se firmou, até chegar ao Cercle Brugge, em 2012. No pequeno clube belga voltou a se destacar, e foi contratado pelo Club Brugge, um dos principais clubes belgas.
Perto do fim da carreira, o islandês de maior sucesso no futebol mundial e o único a vestir a camisa do Barcelona sonha com um final de "conto de fadas". Levar a Islândia para a copa e, lá, encerrar sua vida como jogador de seleção. "Não tenho arrependimentos. Aproveitei a experiência. Tudo que você faz na vida é experiência tudo pelo que passei nos últimos anos me deram um desejo extra de terminar minha carreira de maneira positiva."
A chance de sua vida virá nesta terça, na cidade croata de Zagreb. Com Gudjohnsen entre os 11 titulares, a Islândia precisa de um empate com gols para virar o menor país da história das Copas do Mundo, com apenas 320 mil habitantes. Se as pernas do "vovô" de 35 anos falharem, uma nova geração islandesa terá essa obrigação.
"Com um pouco de sorte, podemos surpreender e colocar a Islândia no mapa. Para mim, seria a maneira perfeita para dizer adeus", finalizou.
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