De olho no cofre

Arquibancada móvel do Itaquerão é montada sem garantia de quem paga a conta

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

A instalação das arquibancadas temporárias do novo estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste de São Paulo, deve começar até o fim desta semana sem que as empresas que pagarão a conta estejam definidas. Parte dos R$ 38,1 milhões estimados para a obra deve ser bancada pela Ambev, mas o resto do investimento será pago por outras empresas que ainda não foram anunciadas.

Em 19 de agosto, o secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini, declarou que R$ 20 milhões já estavam garantidos. Faltava a definição de quem pagaria quase metade da conta. Questionados na última segunda-feira sobre o valor do projeto, o Comitê Paulista da Copa, a Ambev e a Fast Engenharia, contratada para instalar as estruturas, não responderam.

O Governo do Estado é responsável por costurar o acordo. O compromisso de viabilizar a construção dos assentos temporários foi assumido pelo governador Geraldo Alckmin ano passado para garantir que a abertura do mundial ficasse em São Paulo, já que a Fifa exige um estádio com mais de 60 mil lugares para o primeiro jogo da competição.

Dentro do governo, a avaliação é que as conversas com os parceiros privados estão avançadas, embora os nomes das empresas ainda não tenham sido anunciados oficialmente. "O custo será suportado pela Ambev e por outros parceiros da iniciativa privada, a serem definidos em breve", informou o comitê, por nota.

O governo reitera que não haverá investimento público no projeto. Em nota, argumenta que não tinha "qualquer obrigação contratual" de viabilizar a construção das cadeiras extra, mas que se empenhou no projeto dentro do "espírito colaborativo de organização do evento". Questionada, a Ambev disse que não se pronunciaria sobre o assunto.

O projeto das arquibancadas provisórias prevê a criação de cerca de 21 mil lugares em quatro setores do novo estádio alvinegro – e não só atrás dos gols, como vinha sendo divulgado. Quando a Copa acabar, as cadeiras serão retiradas e o estádio voltará a ter 48 mil assentos. A estrutura extra ficará com a Fast Engenharia, responsável por construí-las.

Primeira intervenção é no setor leste

As primeiras intervenções serão feitas na extremidade do setor leste, na lateral do campo, onde serão montados cerca de 1.200 novos assentos. Semana que vem, os operários devem começar a trabalhar nas fundações dos dois "tobogãs" que ficarão atrás dos gols, com capacidade para 9.300 lugares cada.

Em novembro, devem ser construídos os lugares extras no setor Oeste, onde ficará a área de imprensa. Os dados foram apresentados para uma comitiva da Fifa por responsáveis pela obra e pela organização da Copa em São Paulo. Os técnicos da Fifa estiveram na cidade para verificar a parte operacional do estádio.

A Fast Engenharia foi contratada para executar o serviço de construção das arquibancadas e alugar a estrutura durante o Mundial. Em parceria com a Arena Group, que trabalhou com esse tipo de estrutura nos Jogos Olímpicos de Londes, em 2012, a Fast produziu os assentos temporários da Arena Fonte Nova, utilizados na Copa das Confederações.

A parte tubular dos dois tobogãs será feita na fábrica da Fast e levada para o canteiro de obras. Além da usinagem das peças, a instalação das estruturas atrás do gol depende da conclusão da cobertura do estádio.

A cobertura deve ser concluída até o fim de novembro, segundo o gerente operacional da Odebrecht, Frederico Barbosa, que acompanhou a visita da Fifa no domingo. Segundo ele, faltam ser instalados quatro módulos da estrutura metálica antes de retirar os pilares que as sustentam, o que abrirá espaço para os tobogãs.

Embora não tenha se pronunciado ontem, a Ambev havia confirmado a participação do projeto em 27 de novembro de 2012. Em troca do investimento, a empresa e seus parceiros poderão expor suas marcas na estrutura provisória até o início da Copa.

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