Projeto de pôr deficiente para chutar bola na Copa está 50% pronto, diz Nicolelis
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Divulgação/Secom
Cientista Miguel Nicolelis comanda o projeto "Andar de Novo"
O projeto de dar condições para que um paraplégico caminhe e dê o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014 está 50% concluído. O balanço foi divulgado neste sábado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, líder do grupo de pesquisadores que trabalha na construção de um esqueleto mecânico controlado por sinais cerebrais que deve ser apresentado ao mundo no dia 12 de junho, no Itaquerão.
Faltando pouco menos de um ano para o Mundial de 2014, Nicolelis concedeu uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro para falar do projeto "Andar de Novo". Segundo ele, apesar de atrasos iniciais, em dezembro, os primeiro exoesqueletos (esqueletos mecânicos) devem estar prontos para testes.
"Em setembro, teremos a primeira versão mecânica dos esqueletos", afirmou o cientista. "Em dezembro, vamos entregar os primeiros exoesqueletos para testes no Brasil."
Exoesqueleto é o nome que Nicolelis dá estruturas metálicas, em formato de membros humanos, que são acopladas ao corpo de uma pessoa com deficiência motora. O deficiente, por meio de sinais cerebrais, consegue comandar o movimento do exoesqueleto. Dessa forma, consegue movimentar braços ou pernas que já não se mexiam por causa de sua deficiência.
Há 15 anos, Nicolelis estuda os sinais cerebrais e tenta desenvolver a máquina que permitirá a um paraplégico, por exemplo, voltar a caminhar. Testes com macacos já comprovaram que os princípios do exoesqueleto funcionam. O cientista, agora, corre contra o tempo para conseguir fazer um ser humano mover pernas paralisadas com a ajuda dos equipamentos que ele ajudou a construir até a Copa.
"Queremos fazer isso no dia da abertura da Copa do Mundo para mostrar ao mundo que o Brasil também é um país da ciência e da tecnologia", complementou. "Trabalhamos para que tudo esteja pronto e para que uma pessoa com deficiência possa se levantar, caminhar até o centro do campo e dar o chute inicial do torneio."
Além de Nicolelis, mais de 100 pesquisadores trabalham no "Andar de Novo". Há gente envolvida no projeto na Alemanha, na Suíça, nos Estados Unidos e no Brasil.
Será no Brasil que serão selecionadas dez pessoas para os primeiros testes do exoesqueleto. Em julho, elas começam a ser treinadas em São Paulo para poderem usar os equipamentos no final do ano.
Nicolelis disse neste sábado que, devido à complexidade do "Andar de Novo", é impossível garantir que tudo estará pronto para ser apresentado ao mundo na Copa do Mundo. Ele, no entanto, ressaltou que não trabalha com outra hipótese. "Quando você decide fazer algo de verdade, você não pode pensar que não vai funcionar. Tem que funcionar."