Na Copa das Confederações, Brasil mais que dobra segurança da África
Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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João Alvarez/UOL
Manifestante desafia barreira imposta pela PM nas proximidades da Fonte Nova
O Brasil mais que dobrou o efetivo de segurança da Copa das Confederações em relação à África do Sul. Um total de 77.800 pessoas estão empregadas na proteção da competição, incluindo as Forças Armadas. Na edição anterior do torneio, em 2009, esse número era de 33 mil, segundo a Fifa. Assim, o crescimento foi de 136% sobre o que ocorreu entre os africanos. O esquema montado pelos brasileiros é anterior às manifestações nas ruas do país, inclusive contra o Mundial, as quais geraram preocupação e ameaças da Fifa.
A Sesge (Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos), que responde pela segurança do campeonato, disse que é difícil fazer comparações porque o Brasil é um país maior, mais populoso. Além disso, há um número maior de sedes no território brasileiro: são seis contra quatro usadas na África do Sul.
Mas a diferença entre os efetivos é maior mesmo se for feita uma análise proporcional considerando o número de arenas das últimas edições do torneio. Se o crescimento fosse de forma percentual, deveria haver um aumento de 50% do efetivo, o que mobilizaria 49,5 mil pessoas.
O crescimento não se justifica também pelo índice de violência. O levantamento mais recente da ONU (Organização das Nações Unidas) mostra que, em 2010, a África do Sul registrou 34 homicídios por 100 mil habitantes. Já o Brasil, segundo o mesmo estudo, teve 22 homicídios por 100 mil habitantes.
No total, são utilizados 56.300 agentes de segurança na Copa das Confederações brasileira. Entre eles, estão membros da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Defesa Civil, da Força Nacional e PMs, guardas municipais, bombeiros. Também há 600 homens da Abin, em trabalho de inteligência. Ainda há a presença de 20.900 militares pelo país.
"Cálculos de efetivo são feitos a partir da demanda operacional, área de cobertura, e população atendida. O Brasil tem 197 milhões de habitantes; a África do Sul, 50 milhões. O Brasil tem 8,5 milhões de km² de extensão; a África do Sul, 1,2 milhão de km². São Paulo tem 11 milhões de habitantes; Joanesburgo tem 4 milhões. No Brasil, há seis cidade-sede; na África do Sul, eram quatro", justificou a Sesge.
CONHEÇA OS ENVOLVIDOS NA COPA DAS CONFEDERAÇÕES
Função/cargo | Órgão | Quantidade |
Voluntários | COL/Fifa | 6.000 |
Voluntários | Governo federal | 7.000 |
Seguranças de estádios | COL/Fifa | 5.600 |
Organizadores | COL/Fifa | 414 |
Militares | Exército, Marinha e Aeronáutica | 20.900 |
Forças de segurança | Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, polícias militares, guardas municipais, bombeiros, Defesa Civil e Força Nacional | 56.300 |
Inteligência | Abin | 600 |
Operação de aeroportos | Polícia Federal, Receita Federal, Anvisa, Viagro, Anac e operadores aeroportuários | 3.954 |
Total | 100.768 |
- Fontes: COL, Fifa, Ministério da Defesa, SAC e Anac
Mas, mesmo individualmente em cada estádio, os números de segurança da Copa das Confederações no Brasil são bem superiores aos da África do Sul. Documento oficial sobre a última edição do torneio mostra que eram utilizados 700 agentes de segurança públicos em cada partida. Em seu primeiro jogo, o Maracanã era protegido por 1.200 pessoas responsáveis por evitar problemas.
Esse montante subiu para a última partida entre Espanha e Taiti, após a disseminação de protestos pelo país. A Fifa pediu um aumento de segurança para a competição após incidentes em Salvador, quando um ônibus e o hotel da entidade foram atacados. A Sesge informou na semana passada que haveria um crescimento de 20% a 30% no efetivo em estádios e proteção a instalações da entidade. Essas cotas extras sairão do total de 77.800 pessoas envolvidas na segurança da Copa das Confederações.
Além da proteção aos estádios feitas por agentes públicos, há 5.600 seguranças privados do COL (Comitê Organizador Local) dentro das arenas.
No total, a operação da Copa das Confederações envolve pelo menos mais de 100 mil pessoas, considerando também quem não está envolvido com a segurança. Isso porque somam-se 13 mil voluntários, 414 pessoas do COL, além funcionários de outros órgãos do governo.