Após cenário de guerra, Polícia diz que situação em BH está normalizada

Gustavo Franceschini e Luiz Paulo Montes

Do UOL, em Belo Horizonte

Após Belo Horizonte viver um verdadeiro cenário de guerra nesta quarta-feira, a Polícia Militar informou ao UOL Esporte que a situação está normalizada. Segundo o major Gilmar, um dos responsáveis pela operação, 12 Rocams (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) estão rodando a cidade para abordar grupos separados.

O major disse que a Polícia Militar efetuou "muitas prisões", mas não quis precisar quantas. Segundo ele, a instituição divulgará nesta quinta um boletim com o número exato.

Na unidade do Banco do Brasil com a avenida Antônio Carlos, os bandidos roubaram duas armas dos vigilantes. Os policiais militares conseguiram prender um deles e recuperar uma das armas.

Jovem morre após queda de viaduto 

Mais cedo, a briga de manifestantes e Polícia Militar durante o protesto que reuniu cerca de 50 mil pessoas terminou em tumulto e confronto nas áreas próximas ao estádio do Mineirão. Com barricadas de fogo e depredações em lojas, um grupo de manifestantes dominou as avenidas Antônio Carlos e Antônio Abrahão Caram.   

Um jovem, que caiu do viaduto José Alencar, próximo às avenidas, morreu por conta da queda. Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos, sofreu um traumatismo cranioencefálico e foi levado para o hospital João 23 ainda com vida. No entanto, ele não sobreviveu a uma cirurgia feita no fim da noite. 

Já no ambulatório do Mineirão, foram atendidas oito pessoas, cinco delas tiveram problemas na manifestação. Foi confirmado que outra pessoa caiu do viaduto, mas teve um ferimento leve no pescoço. Outros três estão com dificuldades respiratórias por conta das bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. 

O duelo se acirrou mesmo durante a partida, que valeu vaga ao Brasil na final da Copa das Confederações. Neste momento, parte dos 50 mil já tinha se dispersado. Um grupo mais revoltado, segundo flagrou a reportagem, discutiu com outros manifestantes que não queriam briga e foi ao confronto com os PMs momentos antes do apito inicial.

Fogo e depredação

No meio do jogo do Brasil, alguns manifestantes usaram as barreiras de madeira e metal e colocaram fogo nos objetos no meio da rua. Uma concessionária na avenida Antônio Carlos, que tinha tapumes, foi invadida e foi depredada. Houve fogo dentro da loja da Kia e em três pontos da avenida. A reportagem do UOL Esporte ouviu tiros de arma de fogo e também flagrou pessoas tentando botar fogo em um posto de gasolina na esquina da mesma avenida. Houve, inclusive, depredações em outras duas concessionárias, pelo menos. Uma da Toyota e outra da Hyundai.

Os manifestantes, que gritavam "Não vai ter Copa" enquanto depredavam concessionárias e tudo que viam pela frente, usaram vários objetos para aumentar o fogo, inclusive antenas e pedaços de carro. A polícia usou várias bombas de efeito moral e conseguiu dispersar o pequeno grupo para longe do Mineirão pela avenida Antônio Carlos. Isso só aconteceu no final da partida, em momento próximo à saída dos torcedores no Mineirão. PM e Bombeiros chegaram ao local para apagar os focos de incêndios por volta da 18h30. O artificio da tropa de choque foi desligar as luzes das ruas e jogar bombas nos manifestantes. A reportagem presenciou momentos de pânico da população com a ação.  

"Nós queremos usar a palavra e evitar o confronto, mas não está adiantando. Hoje ficou claro que é uma pequena minoria, mas que está contagiando as outras pessoas. A polícia está usando os meios necessários para reagir às injustas agressões dos vândalos", disse o Tenente Coronel Alberto Luis ainda antes da partida começar.

Depois do jogo, em entrevista à ESPN Brasil, um porta-voz da PM afirmou: "É uma vergonha o que está acontecendo. Nossa função é dar proteção a todos, até mesmo aqueles que estão vandalizando. Não é padrão Fifa, é padrão BH de educação e civilidade".

50 mil pessoas em protesto pacífico 

Segundo informações da própria PM, foram cerca de 50 mil ativistas no protesto, que chegou ao limite de onde poderia caminhar, o cruzamento das avenidas Presidente Antônio Carlos e Antônio Abrahão Caram. Cerca de 400 homens faziam a segurança no local, entre Força Nacional e Polícia Militar. 

Como o principal acesso ao estádio - a avenida Antônio Abrahão Caram - estava fechada pela polícia antes do jogo entre Brasil e Uruguai. Os manifestantes tentavam se aproximar do Mineirão pelas paralelas, como a avenida Coronel José Dias Bicalho. 

A manifestação ocorreu em grande parte de forma pacífica. Durante todo o percurso, um caminhão de som pedia que a manifestação seguisse sem atos de violência, porém, um grupo se desprendeu e soltou rojões. Foram apreendidas pedras e bolas de gude. A rua Leopoldino dos Passos também foi fechada para evitar a aproximação ao estádio. 

A região foi cercada por grades para tentar colocar ordem à manifestação. A polícia também está armada com bombas de efeito moral, gás de pimenta e armas de balas de borracha. Há também postos de emergência montados no entorno do estádio para atender os feridos de um possível confronto. 

O protesto começou por volta das 11h na Praça 7 de setembro, região central da capital mineira, e duas horas depois os ativistas começaram a caminhar em direção ao estádio após uma assembleia. Às 15h, o grupo já havia caminhado cerca de nove quilômetros pela avenida Presidente Antonio Carlos. ,

As ruas de acesso na chamada "área Fifa" estão cercadas por grades e até a Polícia do Exército está no local para garantir a segurança de quem pretende ir ao jogo. No total, 30 veículos (25 caminhões e 5 carros) estão parados em um estacionamento.  Dois helicópteros também fazem a patrulha.

Também preocupados com a ação de vândalos, como na última manifestação no sábado, diversos estabelecimentos colocaram tapumes em suas fachadas como forma de proteção.

*Atualizado às 00h50

Mapa dos protestos

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MAPA DOS PROTESTOS EM BH

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