PM teme que manifestação de quarta impeça acesso ao Mineirão

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Belo Horizonte

  • Gustavo Franceschini/UOL

    Rômulo Ferraz, secretário de Defesa Social, concede entrevista ao lado do coronel Márcio Sant'Ana

    Rômulo Ferraz, secretário de Defesa Social, concede entrevista ao lado do coronel Márcio Sant'Ana

O comandante geral da Polícia Militar de Minas Gerais admitiu, em entrevista coletiva nesta terça-feira, que os manifestantes podem conseguir impedir o acesso dos torcedores ao Mineirão, para o jogo desta quarta entre Brasil e Uruguai. Segundo ele, caso a aglomeração seja muito grande, será impossível para o efetivo dispersar o grupo nas vias de acesso ao estádio.

"Havendo esse impedimento com centenas de milhares de pessoas, o evento está comprometido. Vamos privar o direito de ir e vir de mais de 60 mil pessoas. Se isso é razoável, que seja feito. É impossível uma força pública, uma força militar, atuar contra cem mil, 120 mil, 130 mil pessoas, que possam em determinado momento impedir o transito", disse o coronel Márcio Martins Sant'Ana.

A constatação foi feita em um evento que contou com a presença de Rômulo Ferraz, secretário de Estado de Defesa Social de Minas Gerais, e que serviu para comunicar a imprensa sobre a forma que a polícia vai agir nesta quarta. Ferraz, no entanto, tentou mostrar mais otimismo que Sant'Ana, embora também tenha pontuado a possibilidade de bloqueio ao Mineirão.

"Esse quadro nós não desejamos e vamos fazer de tudo para que isso não ocorra. Nos dois primeiros jogos, isso praticamente não ocorreu. Embora haja muita especulação nas redes sociais, muita coisa não se confirmou. Temos a expectativa de que vamos garantir que o cidadão mineiro chegue também ao Mineirão", disse o secretário.

A operação da polícia será ainda maior que a do último sábado, quando dezenas de milhares foram às ruas antes do jogo entre Japão e México (policias falam em 60 mil, enquanto manifestantes estimam 200 mil) em uma passeata que terminou em conflito.

Nesta quarta, cerca de 5,5 mil homens da Polícia Militar estarão nas ruas para tentar conter os protestos, com a ajuda de 160 oficiais da Força Nacional. No último sábado, haviam sido 3,5 mil homens, que não impediram que a passeata se transformasse em tumulto generalizado.

Além desse efetivo, mil homens do exército estarão de prontidão em pontos considerados estratégicos como o campus da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), quase vizinho ao Mineirão. Segundo a PM, no entanto, esse grupo está à disposição no local desde o início da Copa das Confederações, e não seria um acréscimo por conta das manifestações.

"A manifestação é livre no centro da cidade, mas há três pontos de contenção onde só adentra o torcedor. A manifestação já sabe de antemão que ali [os policiais] estão instransponíveis", avisou o secretário.

Os pontos em questão são rotas de acesso ao Mineirão. A maior preocupação da polícia é que a semifinal da Copa das Confederações não seja prejudicada, por isso os manifestantes não poderão passar pela Avenica Abraão Caram, próximo ao viaduto José de Alencar; pela Avenida Carlos Luca, próxima ao anel rodoviário; e pela rotatória da Avenida Otacílio Negrão de Lima.

"O ideal é que essas linhas sejam respeitadas. Se isso acontecer, tudo acontecerá muito bem. É bom que se diga que não existe nenhuma determinação de rigor excessivo para a polícia militar, mudando sua forma tolerante e responsável de agir", disse Sant'Ana, comandante da PM. "Se existem limites postados, conversações e tratativas bem colocadas e exite a predisposição de transpor isso, evidentemente vai ter confronto", completou o próprio coronel, momentos depois. 

O discurso mudou em relação àquele que foi apresentado no último domingo. Na ocasião, o tenente-coronel Luiz Alberto chegou a falar em "tolerância zero" nos protestos.

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