De namoradas a carisma: Neymar e Balotelli se unem e têm amizade inesperada
José Ricardo Leite e Luiz Paulo Montes
Do UOL, em Salvador
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Andre Penner/AP
Neymar é o destaque do Brasil na Copa das Confederações; neste sábado, duelo com Balotelli
Eles causam furor por onde passam e qualquer ato, fala ou tuitada repercutem em instantes. São as principais referências de suas seleções nacionais e vão se encontrar e duelar em campo no Brasil x Itália da Fonte Nova, neste sábado. Viraram amigos na Europa e se identificaram, tanto é que programaram até uma viagem para Santa Catarina após a Copa das Confederações. De um amistoso, surgiu uma inesperada amizade - do 'bom moço' craque brasileiro com o 'bad boy' italiano.
Em comum, quase nada, a não ser as extravagâncias extra-campo, as namoradas famosas (Bruna Marquezine e Fanny Neguesha) e o carisma. Pouco se assemelham fora a badalação e furor criados ao redor. O brasileiro é midiático e garoto propaganda das mais variadas marcas. Não recusa comerciais, tanto é que tem 12 patrocinadores pessoais. Brincalhão e despojado, adora escancarar a sua vida particular nas redes sociais. Em cada entrevista, sorri e mostra seu lado garotão e carismático.
Já o italiano pode ser definido por uma palavra: marra. Com polêmicas como colocar fogo em sua casa e até atirar dardos em crianças de um colégio na Inglaterra, não tem sua imagem vinculada a nada. Não põe sua cara para vender produtos.Tentar entrevistá-lo é uma missão tão difícil quanto pará-lo. O camisa 9 da Azzurra tira sarro da imprensa. Faz todos correrem para tentar uma palavra, mas apenas sorri sem soletrar uma palavra sequer em tom de deboche.
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Neymar também é difícil de ser achado pela imprensa. Desde que a seleção se concentrou para preparação da Copa das Confederações, deu uma coletiva, e passou duas vezes pela zona mista. Em sua lista de polêmicas, a velha conhecida briga com o técnico Dorival Junior e o empurrão em um fotógrafo em 2010, em Fortaleza.
A relação com os companheiros de time e respeito pelos profissionais ao redor são completamente diferentes. Durante os treinos da seleção italiana no Brasil, o atacante esbanjou marra perante os companheiros. O atacante do Milan só costuma dar atenção ao técnico Cesare Prandelli. Ainda assim, foi comum ver o comandante gesticulando com os jogadores enquanto o polêmico atacante fazia embaixadas e curtia o seu "próprio mundo".
Nos intervalos das atividades, enquanto os jogadores bebem água, se distraem e conversam com alguns membros da comissão técnica, Balotelli preferia ficar solitário no meio do campo. Em seguida, sozinho, se refrescava com isotônicos. No tratamento com os fãs não é diferente. O brasileiro é costumeiramente um dos mais animados nos treinos. Brinca com todos os companheiros, se diverte, e leva a sério cada instrução de Felipão. Por vezes, tem conversas separadas com o técnico e sua comissão. Em campo, mostra humildade e é muito amigo e querido pelo grupo todo.
Nas caminhadas na praia da Barra da Tijuca, no amistoso contra o Haiti em São Januário e na saída da porta do hotel, todos só queriam saber do "Balo". E o atacante sempre ignorou os apelos. Enquanto estrelas como Buffon, Pirlo e De Rossi distribuíam autógrafos, sorrisos, acenos e posavam para fotos, Balotelli seguia seu caminho como se nada estivesse acontecendo. Em uma caminhada em Salvador, atendeu aos fãs que pediam foto, mas ignorou a imprensa que o 'perseguiu' por uma longo percurso atrás de uma foto ou uma frase.
O momento máximo do futebol, a comemoração de um gol, é uma evidência das contrastantes personalidades. O brasileiro faz suas danças, coreografias e esbanja sorrisos para as câmeras e para o público, além de afagos aos companheiros. Balotelli tira a camisa, faz cara feia e pose de halterofilista. Parece estar mais irritado do que feliz com aquele momento.
Um fator que coloca os amigos 'lado a lado' é o salário astronômico de ambos. No Santos, Neymar faturava mais de R$ 3 milhões por mês. O contrato de cinco anos com o Barcelona prevê 7 milhões de euros por ano somente em salários (ganhará ainda mais com acordos publicitários). O jogador italiano fatura pouca coisa a menos anualmente - cerca de 5,5 mi de euros. Por isso, desfilam com carrões e luxos por onde passam.