Fifa e COL negam ameaça à Copa das Confederações, mas devem aumentar segurança

Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

Por meio de um pronunciamento oficial, nesta sexta-feira, a Fifa e o COL negaram qualquer discussão sobre a suspensão da Copa das Confederações por conta da onda de protestos e casos de violência pelo país. Na quinta-feira, após ataques ao hotel e ônibus da entidade em Salvador, a entidade ameaçou parar a competição em caso de novos problemas com as delegações. Mas há a forte possibilidade de aumentar a segurança nos locais ligados à competição, como centros de distribuição de ingressos e hotéis. Isso não inclui os estádios, que já contam com forte presença policial.

"Nós apoiamos o livre direito de expressão de qualquer pessoa protestar. Condenamos violência. E temos total confiança nas autoridades. Em nenhum estágio, a Fifa, o COL, ou governo federal pensou em suspender a Copa das Confederações. Estamos em contato com os times, os mantemos informados e não recebemos nenhum pedido [de times] para que saiam da competição", afirmou o porta-voz da Fifa, Pekka Odrizola.

Apesar do discurso oficial, o UOL Esporte apurou que a Fifa deu um ultimato ao governo brasileiro: ou as autoridades nacionais garantem a segurança da Copa das Confederações, dos jogadores, comitivas e membros da imprensa internacional que estão no Brasil, ou irá cancelar a realização do evento. Isso ocorreu depois de ataque ao ônibus oficial da entidade em Salvador, assim como uma tentativa de invasão do hotel oficial da organização máxima do futebol.

Os funcionários da Fifa ficaram bastante assustados com os ataques ocorridos em Salvador, segundo apurou a reportagem. Brasileiros que trabalham para o comitê e para a entidade passarma a tentar acalmá-los. A entidade ainda insiste oficialmente não ter relação direta com os protestos. Mas há uma tentativa de melhorar a imagem com o público brasileiro.

Como consequência no cenário atual, nesta sexta-feira, há uma reunião para decidir pelo aumento de seguranças nos locais ligados à competição, como centros de distribuição de ingressos. É provável que isso aconteça. Reforço de segurança para delegações também será discutido. A operação em estádio deve ser mantida.

Fato é que, além dos ataques ao ônibus e ao hotel, diversos pontos e símbolos ligados ao Mundial têm sido alvo dos manifestantes. O centro de distribução de ingressos no Rio de Janeiro e uma loja gigante da Coca-Cola foram cobertos por tapumes para evitar depredações. Placas da competição foram atacadas na Av Presidente Vargas, epicentro dos protestos nesta quinta no Rio. Também houve ataques a centro de evento paralelos no centro da cidade.

Os protestos também chegaram aos estádios. Houve ações violentas fora do Mineirão e do Castelão durante partidas da Copa das Confederações. E também ocorreram protestos, sem violência, dentro das arenas tanto que a Fifa flexibilizou a proibição de maniefestações políticas durante as partidas.

O UOL Esporte apurou que a cúpula da entidade que controla o futebol mundial levou à presidente Dilma Rousseff o seguinte recado: se mais algum membro da Fifa, das seleções que participam da Copa das Confederações ou da imprensa internacional sofrer algum tipo de violência advinda dos protestos que tomaram conta do país, a Copa das Confederações será cancelada.

"O ônibus teve pedra atirada. É um reflexo do que acontece [protestos]. Outros ônibus e veículos foram atacados. Não vemos um ataque direto [a Fifa]. Não temos um relatório da invasão [do hotel]. O ônibus estava estacionado. Não havia ninguém. Carros da mídia e outros foram atingidos. Não foi o único veículo atingido", ressaltou o porta-voz do COL, Saint-Clair Milesi.

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A violência já causou uma mudança oficial de comportamento na Fifa. Desde a última quinta-feira, todos os membros da entidade devem ir e voltar juntos ao estádio, sempre com escolta da polícia, independentemente do horário de trabalho dos profissionais.

Além disso, Juca Kfouri, blogueiro do UOL, informou que uma das seleções já teria manifestado a intenção de deixar o Brasil, em razão da insegurança. Segundo ele, "uma delegação, que a Fifa não quer mencionar, mas cujos jogadores trouxeram famílias, está pressionando seu comando para ir embora. Eles dizem que não querem jogar futebol em uma praça de guerra". Essa seleção seria a Itália, ainda de acordo com Kfouri. Oficialmente, a delegação italiana nega a reclamação.

Mas a Fifa negou completamente a informação: afirmou que não houve nenhuma ameaça de seleção deixar o país, nem reclamação por parte dos times nacionais que estão no país.

Protestos na Copa das Confederações
Protestos na Copa das Confederações

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