PM traz caveirão ao Maracanã, instaura 'pente fino' e atrasa entrada de torcedor
Renan Rodrigues e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
As forças de segurança resolveram montar um esquema de policiamento ostensivo para o jogo desta quinta-feira, no Maracanã. Veículos blindados utilizados pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais), conhecidos como 'caveirões', foram posicionados nos arredores do estádio e uma operação "pente fino" foi montada para controlar o acesso de pessoas e evitar manifestações. Até quem foi ao estádio simplesmente para ver o jogo entre Espanha e Taiti sofreu com as consequências.
A PM (Polícia Militar) e a Força Nacional de Segurança montaram barreiras ao redor do Maracanã. Só foram autorizados a seguir em direção quem tinha seu ingresso em mãos. A exigência, no entanto, revoltou alguns moradores da região do Maracanã e pegou até alguns torcedores de surpresa, já que o esquema não foi divulgado previamente.
Quem combinou de encontrar um colega em frente ao Maracanã e deixou seu ingresso com o amigo, por exemplo, teve dificuldade para passar. Algumas pessoas esperaram até meia hora ao lado de policiais e só acessaram o Maracanã depois do horário recomendado pelos organizadores da Copa das Confederações. Um mesmo torcedor poderia enfrentar até três bloqueios antes de chegar ao estádio.
"Isso está demais", afirmou Romulo Costa, funcionário público de 32 anos. Ele chegou ao Maracanã por volta das 14h planejando encontrar seu amigo em frente ao portão de entrada do estádio. O ingresso de Romulo estava com seu colega. Pouco antes das 15h, ele ainda tentava contato com o amigo para pedir que ele lhe trouxesse o bilhete a 500 metros de distância do Maracanã.
"Ninguém avisou essa exigência. A gente chega aqui e nem consegue chegar perto do estádio", reclamou, enquanto aguardava seu amigo.
Bem perto de Romulo, discutia com um policial o aposentado Marcio do Vale Ferrari, de 67 anos. Marcio mora perto do Maracanã. Voltava para casa de um passeio com sua esposa. Foi parado pela PM.
"Isso aqui é uma ditadura", esbravejou. "Não tem ônibus até a minha casa por causa do jogo e eu não posso chegar nem caminhando."
No último domingo, na estreia do Maracanã na Copa das Confederações, acabou em confronto e tumultuou a entrada e saída de torcedores que foram ao estádio. Por causa disso, a PM do Rio de Janeiro resolveu reforçar a segurança do estádio. Por motivos estratégicos, não foi divulgado o efetivo que trabalha nesta quinta ao redor do estádio.