Zagueiro do Taiti usa fôlego de 'alpinista pedreiro' para superar deficiência técnica
Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Belo Horizonte
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Divulgação/Assessoria de Imprensa do Taiti
Ludivion usa o bom condicionamento físico em função de sua profissão para ajudar a defesa do Taiti
A rotina de superação de jogadores amadores que precisam dividir o tempo entre trabalho e treino não chega a ser uma novidade na seleção do Haiti que irá disputar a Copa das Confederações. Chama atenção, porém, quando um atleta consegue se beneficiar de sua atividade profissional para suprir algumas deficiências com a bola.
E é justamente este o caso do zagueiro Teheivarii Ludivion. Ludi, como é chamado pelos companheiros, sabe que não tem a técnica de grandes defensores do futebol mundial, mas tenta compensar isso com um fôlego de fazer inveja a muitos profissionais.
O condicionamento, no entanto, não vem basicamente dos treinos após o expediente, mas sim do horário de trabalho de Teheivarri. Especializado em alpinismo e atualmente trabalhando em obras de grandes alturas, o jogador é elogiado pelo técnico Eddy Etaeta por sua disposição dentro e fora das quatro linhas.
"É claro que não estamos nem perto de ter as condições de outros times, mas temos orgulho e muita paixão. O que dizer do meu zagueiro que acorda às 4h30, sobe montanhas, coqueiros, instala várias coisas em obras e ainda chega no final do dia para o treino?".
"Isso mostra muita coisa. E o fôlego dele por conta dos serviços nos ajuda muito. Para nós, isso é o que conta. De resto, estamos apenas tentando evoluir no cenário do futebol mundial", analisou Etaeta, exaltando o seu alpinista, pedreiro e jogador de futebol.
E mesmo contando com a admiração do comandante, o alpinista pedreiro e jogador de futebol Ludivion reconhece que o futebol é apenas uma diversão em sua vida. "O futebol é apenas um lazer. Importante mesmo é o meu trabalho. Mas é uma honra muito grande poder participar da Copa das Confederações".
'Fantasma' do desemprego
Outros companheiros de Ludi, porém, não têm a mesma sorte. Enquanto o zagueiro e muitos jogadores encaram a jornada dupla, nove dos 23 convocados para a Copa das Confederações sofrem com o desemprego e dependem de ajuda de amigos e federação para sobreviver.
"São muitos desempregados. Isso é triste, mas nada nos desanima. Estamos aqui para viver este momento e mostrar toda a honra do Taiti. É duro, mas vamos aprender alguma coisa e tentar evoluir aos poucos", disse o técnico Eddy Etaeta.
E quem não está desempregado contou com o apoio do governo local para poder viajar ao Brasil e curtir um período de jogador profissional. Os 14 amadores que têm emprego contaram com uma negociação entre federação e empresas para não serem demitidos. Alguns, tiraram férias, outros fizeram simples acordos.
A equipe do arquipélago da Oceania faz sua estreia na Copa das Confederações nesta segunda-feira, contra a Nigéria, às 16h, em Belo Horizonte. Em seguida, encara a Espanha, dia 20, e o Uruguai, no dia 23, no duelo que deve encerrar sua participação no torneio.
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