Manifestantes fecham a Paulista e jogam futebol como protesto contra a Copa
Luiza Oliveira
Do UOL, em São Paulo
A avenida Paulista foi alvo de um protesto contra a Copa das Confederações e do Mundo nesta sexta-feira. Cerca de 250 manifestantes, de acordo com dados da Polícia Militar, fecharam faixas da principal avenida de São Paulo para questionar a realização das competições da Fifa em solo brasileiro.
Em determinado momento da manifestação, os ativistas, acompanhados por um carro de som, fizeram uma partida de futebol simbólica na avenida. Um time era formado pelos "capitalistas" representados pela CBF, Fifa, Odebrecht, Nike, Governo Federal, Governo Estadual, Prefeitura, BNDES, Rede Globo, Forças Armadas e especulação imobiliária.
Do outro lado, a equipe era formada por liberdade, democracia, direito à moradia, trabalhador ambulante, futebol, população de rua e comunidades removidas, mídia livre, transporte público e movimentos populares. O árbitro era a Polícia Militar.
"A Copa não atende a sociedade, atende interesses de meia dúzia de patrocinadores da Fifa. Tem dinheiro para estádio, para hotel, mas não tem para saúde, educação e segurança da população", falou Guilherme Boulos, líder do movimento.
De acordo com os organizadores do protesto, os principais alvos das reclamações dos manifestantes são a especulação imobiliária, o alto gasto do dinheiro público em obras da Copa e o despejo de famílias que moravam em região de construções para o Mundial e foram obrigadas a deixar suas casas.
Depois de uma concentração no Masp, os manifestantes marcharam em direção à rua Augusta para terminar o protesto, que terminou pouco antes de 19h, em frente a um escritório da Presidência da República.
Ao chegar à rua Augusta, a passeata parou em frente ao prédio comercial em que fica a representação da Presidência da República. No entanto, a tentativa de conversar com um representante foi em vão. Depois de reunir uma comissão, eles foram recebidos por um funcionário que carimbou o manifesto e disse que mandaria por fax para Dilma Rousseff, presidenta do Brasil.
"Hoje a gente ficou na porta, amanhã, vamos entrar e vamos subir. Vamos ocupar prédio. Depois não digam que não avisamos. Falta um ano para a Copa, vai ser um ano de muita luta", completou Boulos.
A manifestação não teve atos de violência nem por parte de quem está protestando nem por parte da Polícia Militar. Em um determinado momento, os manifestantes chegaram a fechar quatro faixas da Paulista, impedindo a circulação dos carros, mas, posteriormente, a polícia, com motos, conseguiu liberar ao menos uma das quatro faixas.
Algumas pessoas, que participaram do Movimento Passe Livre, que vem exigindo o diminuição da tarifa do transporte público em São Paulo, também estavam presentes na manifestação
"O movimento é diferente, mas a causa é a mesma. Se tem dinheiro para construir estádio, para que aumentar a passagem do ônibus? Deveriam usar o dinheiro da Copa para investir em educação e saúde", disse a estudante Jéssica Santos de Almeida.
"A luta dos movimentos são semelhantes, por transporte, saúde, moradia. Também lutamos para reagir à violação dos direitos humanos provocados pela Copa. Ate porque eles querem cercear nosso direito de manifestação", completou Caio Martins, outro militante do Movimento Passe Livre.