MP avalia denúncia contra Perillo por reforma milionária para a CBF

Gustavo Franceschini, Paulo Passos e Ricardo Perrone

Do UOL, em Goiânia

  • Site oficial do Goiás

    Marconi Perillo recebe uma camisa do Goiás das mãos do presidente do clube, João Bosco Luz

    Marconi Perillo recebe uma camisa do Goiás das mãos do presidente do clube, João Bosco Luz

O governador de Goiás, Marconi Perillo, pode ser investigado por conta da mudança na lei do programa Proesporte, que deve destinar R$ 2,5 milhões para ressarcir o Goiás pela reforma da sua sede social, a Serrinha. Na última terça, o Ministério Público Estadual de Goiás confirmou ter recebido uma denúncia sobre o caso, que vai parar na mesa do procurador-geral do Estado, Lauro Machado.

"Ainda não recebi oficialmente a denúncia, mas já tenho conhecimento dela. Como o governador defendeu as mudanças na lei, já decidi que vou encaminhar o caso para o procurador-geral do Estado. Só ele pode investigar o governador. Ele é quem vai analisar se houve irregularidade na mudança da lei", afirmou o promotor Fernando Krebs, em entrevista ao UOL Esporte.

A denúncia foi recebida pelo Centro de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio, órgão do Ministério Público, depois do caso ter ganhado notoriedade na última segunda-feira. Agora, Lauro Machado pode aceitar os argumentos e abrir uma investigação ou engavetar o caso, se entender que não há fundamento para um inquérito.

Com a justificativa de que o local receberia a seleção brasileira, o Goiás gastou R$ 4 milhões para fazer novos vestiários, reformar a fachada e reconstruir dois campos da sua sede social, que recebeu o treino da seleção na manhã da última terça e não abrigará mais Luiz Felipe Scolari e companhia. Desse valor total, R$ 2,5 milhões sairão dos cofres do Estado por meio do programa Proesporte, que destina dinheiro do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para o setor.

Para que o projeto do Goiás fosse enquadrado, porém, a lei original teve de passar por uma espécie de "revolução". Em 16 de maio, o pedido de alteração, feito pelo próprio governador Marconi Perillo, foi encaminhado à Assembleia Legislativa.

Até então, os interessados apresentavam seus projetos e poderiam captar até R$ 250 mil com empresas no mercado. Da verba total disponível, de R$ 5 milhões, somente 10% poderia ser aplicado no esporte profissional (15% ia para o esporte paraolímpico e 75% para o amador). Além disso, o governo não poderia arcar com mais de 25% do valor total de um projeto.

Para enquadrar o caso do Goiás, tudo isso mudou. O projeto de lei encaminhado por Perillo pediu que o valor total disponibilizado pelo Estado subisse para R$ 6 milhões. O valor máximo para cada proponente subiria para R$ 325 mil, mas "dependendo da importância e excepcionalidade do projeto", poderiam ser investidos até 2/5 da verba total anual.

Seleção brasileira treina na Serrinha
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Na prática, isso fez com que a comissão que avalia os pedidos tivesse autorização para repassar até R$ 2,6 milhões. Não por acaso, o valor se aproxima daquilo que foi imaginado pelo Goiás, que ainda foi favorecido em dois itens da nova redação da lei 14.546. O percentual máximo de participação do Estado subiu de 25% para 60% e o item da lei que limitava a distribuição da verba para o desporto profissional foi limado.

A nova redação foi aprovada pela Assembleia Legislativa em 21 de maio e sancionada pelo governador dois dias depois. Com isso, a Agel (Agência Goiana de Esportes e Lazer) pôde tirar da gaveta os três projetos do Goiás que estavam engavetados desde o início do ano. No total, os pedidos do clube chegam a R$ 2,4 milhões, valor que bate com a promessa feita pelo Governo Estadual e deve ser aprovado nas próximas semanas.

A reportagem procurou o Governo do Estado, que não quis comentar a denúncia encaminhada ao MP. Segundo a assessoria de imprensa de Marconi Perillo, ele só poderá se manifestar sobre o assunto quando receber a notificação oficial, o que ainda não aconteceu. 

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