Após pagar a conta, Goiás pressiona por treino aberto da seleção
Gustavo Francheschini e Paulo Passos
Do UOL, em Goiânia
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Julio Cesar Guimaraes/UOL
Técnico Luiz Felipe Scolari comanda treinamento da seleção brasileira
Em meio à preparação para a Copa das Confederações, a seleção brasileira se vê no meio de uma disputa política em Goiás para que o time treine com portões abertos e presença de público. O UOL Esporte apurou que o governo local, que pagará R$ 2,5 milhões para a reforma da Serrinha, que recebeu o time nesta terça-feira, está pressionando a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por um treinamento com a presença de torcedores na estada da equipe em Goiânia.
O time ficará na cidade até sexta-feira e depois retornará para passar pelo menos mais dois dias antes da estreia na Copa das Confederações, em Brasília, contra o Japão. Quando foi acertada a ida da seleção brasileira para Goiânia, em 2012, havia um acordo para que o time treinasse no Serra Dourada, com portões abertos. O estádio, porém, foi sacado do cronograma da seleção por escolha da comissão técnica da CBF, encabeçada por Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira.
Nesta terça-feira, a seleção treinou de manhã na sede social do Goiás, a Serrinha, e à tarde no CT do clube. O primeiro tem arquibancada com capacidade para pouco mais de 6 mil pessoas. Já no centro de treinamentos não há espaço para torcedores.
Na programação da preparação da seleção brasileira não está previsto que ocorra nenhum outro treinamento na Serrinha. Todos os trabalhos até quinta-feira serão no CT, sem a presença de torcedores.
Até agora, a CBF ainda não divulgou como será a programação na segunda passagem da seleção brasileira em Goiás, na próxima semana. O governo local espera convencer os dirigentes e, principalmente, a comissão técnica do Brasil a liberar a realização de um treinamento no Serra Dourada.
A assessoria de imprensa da CBF informou que "a escolha da presença de público ou não nos treinamentos não é da comissão técnica e, sim, dos órgãos de segurança do estado. Eles é que determinam se há possibilidade disso acontecer".
"Nós não sabemos se vai haver ou não um treino com público, mas temos que estar preparados para isso (treino com a presença de público). Temos todo aparato para isso. Temos o conhecimento e o planejamento necessário", afirmou o Major Clauber Freitas Andrade, da Polícia Militar de Goiás, responsável pelo policiamento da seleção brasileira na cidade.
"A seleção ia treinar aqui, mas de última hora resolveram não fazer. Ainda temos esperança que isso mude. É um estádio público, com a cara do futebol goiano", afirmou ao UOL Esporte o diretor do Serra Dourada, Itamir Campos. A administração do estádio enviou nesta terça-feira um ofício à Federação Goiana de Futebol questionando se haverá algum treinamento no local. Até a noite, não recebeu resposta.
O UOL Esporte apurou que a comissão técnica da seleção quer evitar treinos abertos com torcedores para não haver comparações com a preparação da Copa de 2006, em Weggis, na Suíça. Na ocasião, os jogadores trabalharam com público e houve até venda de ingressos para os treinamentos. A preparação festiva foi apontada pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, como uma das responsáveis pelo fracasso do time naquele Mundial, apesar dele mesmo ter fechado o negócio que possibilitou o projeto. O treinador na época era o atual coordenador técnico, Carlos Alberto Parreira, que também reprovou a passagem pela cidade suíça .
Na última semana, a seleção fez no Rio de Janeiro dois treinos com público, na Gávea e na Escola de Educação Física do Exército. Nos dois, porem, havia limitação para sócios do Flamengo, no primeiro caso, e militares e parentes, no segundo.
Outro receio para evitar treinos abertos com grande público é o risco de falta de estrutura para receber os torcedores, como aconteceu em outubro de 2005, em Belém. Durante um treinamento da seleção brasileira no Mangueirão, antes do confronto com a Venezuela, cerca de 100 pessoas ficaram feridas e uma menina de 10 anos morreu após ser atropelada em frente ao estádio após um tumulto generalizado.