Marin será "pouco inteligente" caso se alie ao PSDB, diz dirigente do PT

Gustavo Franceschini, Ricardo Perrone e Vinicius Konchinski

Do UOL, em Goiânia e no Rio de Janeiro

  • Ricardo Stuckert/UOL

    Marin cumprimenta Fernando Henrique Cardoso e Aécio durante o amistoso entre Brasil e Inglaterra

    Marin cumprimenta Fernando Henrique Cardoso e Aécio durante o amistoso entre Brasil e Inglaterra

Com pouco trânsito entre nomes de peso do governo federal, José Maria Marin aproveitou o amistoso do Brasil no Maracanã para tirar e divulgar fotos em que aparece sorridente ao lado de Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso, maiores caciques do PSDB e antítese da dupla Dilma e Lula. E já ganhou críticas de aliados do Planalto.

Para Edinho Silva, presidente do PT paulista e velho conhecido da cartolagem do Estado, seria uma atitude "pouco inteligente" do presidente da CBF aliar-se ao tucanos às vésperas da corrida eleitoral da entidade.

"Até agora você não viu as lideranças do PT ligadas a esporte assumirem nenhum posicionamento público a respeito de A ou B na disputa da CBF. Se ele fizer isso [aproximação com PSDB] é uma posição pouco inteligente, porque vai estimular a blocarem contra ele na eleição da CBF", disse Edinho Silva, em entrevista ao UOL Esporte.

As fotos foram tiradas na Tribuna de Honra do Maracanã, onde todos assistiram ao empate por 2 a 2 entre Brasil e Inglaterra, na abertura oficial do estádio. No site da entidade, as fotos escolhidas para retratar o momento ignoraram figuras como, por exemplo, Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte, principal interlocutor de Marin no âmbito federal.  Os convites foram distribuídos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, responsável pelo estádio e, consequentemente, pela recepção.

Recentemente, o PMBD entrou em rota de colisão com o PT nas últimas semanas por conta da MP da energia elétrica, que opôs os dois partidos no Congresso. Gleisi Hofmann, ministra-chefe da Casa Civil, chegou a bater boca com Renan Calheiros, presidente do Senado, segundo o jornal "O Globo". Cabral, um dos nomes mais fortes do PMDB, participou da confusão de forma marginal, mas tem um histórico de boas relações com Dilma Rousseff. 

Consultada sobre o assunto, a assessoria de imprensa do Planalto não informou se Dilma foi convidada para o amistoso no Maracanã. O UOL Esporte apurou, no entanto, que a relação dela com o governador do Rio segue boa e que sua ausência se deve à agenda apertada e ao fato de que ela esteve apenas uma vez em cada um dos estádios da Copa. Como ela já havia ido na abertura oficial do Maracanã, no jogo entre os amigos de Bebeto e Ronaldo, comparecer de novo ao local poderia criar uma saia justa política. 

Por isso, José Maria Marin pôde ficar à vontade com os políticos tucanos. O atual presidente não é candidato à eleição da CBF, que acontecerá no primeiro semestre de 2014, mas é o principal cabo eleitoral de Marco Polo del Nero, vice da CBF e presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol). Seu opositor deve ser Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, filiado ao PT e amigo de Lula. Ambos não confirmaram suas candidaturas publicamente, mas já trabalham de forma intensa nos bastidores pelo sucesso no pleito.

Edinho Silva é ex-prefeito de Araraquara e tem fortes ligações com dirigentes da FPF. Por outro lado, é presidente do PT em São Paulo e participa das discussões sobre a corrida presidencial, que deve opor justamente Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Procurada pelo UOL Esporte para comentar as declarações de Edinho, a assessoria de imprensa da CBF respondeu que a confederação "é uma entidade apartidária que conversa com todos os partidos". E que, além disso, "acompanha os projetos de seu interesse na Câmara por meio de sua assessoria política, que dialoga com todas as legendas".

José Maria Marin, presidente da CBF
José Maria Marin, presidente da CBF

No entanto, a reportagem apurou que divulgar em seu site fotos de Marin com caciques tucanos faz parte de uma estratégia. A ideia é mostrar aos presidentes de federações que o comandante da CBF não está isolado politicamente e conversa com figuras importantes da política nacional.

Isso passaria aos aliados de Marin nos Estados que eles não estão apoiando um cartola enfraquecido. Um dos pontos que caracteriza a suposta fragilidade do atual presidente da CBF é justamente a distância que ele mantém da presidência, por escolha de Dilma Rousseff, que não o recebe em audiências privadas e evita aparecer em eventos onde ele está.

Além de Aécio e FHC, Marin ainda divulgou no site da CBF uma foto em que ele aparece com o juiz Joaquim Barbosa, um dos protagonistas do julgamento do mensalão. O discurso na CBF é de que, além do PSDB, Marin também tem bom relacionamento com políticos graúdos do PMDB, como os senadores Valdir Raupp e Renan Calheiros.

Consultado, o PSDB não respondeu aos questionamentos da reportagem a respeito da relação com Marin, assim como Aécio Neves. 

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