Principal astro da seleção brasileira, Neymar tem privilégios como tal. Para se apresentar ao Barcelona, em grande festa na segunda-feira, o atacante teve aval da comissão técnica para perder os treinamentos desta terça, em Goiânia. Ele deverá chegar ao Brasil no início desta tarde, mas dificilmente desembarcará na capital de Goiás a tempo para treinar. Mesmo se chegar, não deve participar do trabalho junto com os demais jogadores.

Quando confirmou que Neymar seria liberado para a apresentação no clube catalão, a CBF informou que o jogador perderia apenas um dia de convívio na seleção, a segunda, já previsto para folga, reapresentação no Rio de Janeiro e viagem para Goiânia. Na última segunda-feira, porém, a entidade já admitia que o jogador poderia se apresentar na terça, a qualquer horário.

"Não só concordamos, mas o autorizamos, para que se apresente, dê todas as entrevistas que tenha que dar e volta para a concentração com a cabeça na seleção e na competição. Há muito tempo não temos um jogador envolvido nesse nível, com essa repercussão, achamos que era importante para que depois o jogador tivesse sua cabeça focada", afirmou coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, na última quarta.

A posição da CBF era de que o jogador chegaria a tempo de treinar nesta terça-feira, o que dificilmente acontecerá. O UOL Esporte apurou, entretanto, que quando o jogador embarcou no último domingo, a comissão técnica da CBF já não esperava Neymar para os treinamentos. A liberação de um jogador enquanto estava na seleção brasileira para uma festa de apresentação num novo clube é algo inédito no passado recente da seleção. Contratado em junho de 2009 pelo Real Madrid, Kaká estava com o Brasil, em Recife, disputando as Eliminatórias da Copa de 2010.

Na concentração da seleção, foi submetido a exames pelos médicos do clube espanhol e até posou com a camisa da equipe. A festa, porém, aconteceu depois dele cumprir os compromissos com a equipe nacional.

O mesmo aconteceu com Ronaldo, em 1996, quando jogava as Olimpíadas de Atlanta com o Brasil e fechou contrato com o Barcelona. O acerto foi oficializado no ambiente da seleção, mas como no caso de Kaká, não houve liberação para uma apresentação imediata.

O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, defende que o privilégio ao atacante o deixará mais focado na seleção. "Agora vai lá, faz o que tiver que fazer, e volta para a seleção, para só pensar na seleção", disse o treinador após o empate com a Inglaterra.

Operário em campo
Enquanto goza de tratamento especial fora de campo da CBF, Neymar é cobrado para marcar e ajudar o time como qualquer outro. O discurso e as orientações de Felipão antes da partida do último domingo foram nessa direção.

No jogo, Neymar foi  quem mais vezes chutou ao gol (sete), mas também foi responsável por quatro desarmes completos e, curiosamente, as duas faltas cometidas o colocaram com o mesmo número dos volantes Paulinho e Hernanes e num patamar superior ao dos zagueiros David Luiz e Thiago Silva.