Frente de Torcedores pede saída de Marin e cobra intervenção na CBF

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski/UOL

    Deputado Chico Alencar (esq.) e Mário Augusto, da ABI, no lançamento da "Fora Marin"

    Deputado Chico Alencar (esq.) e Mário Augusto, da ABI, no lançamento da "Fora Marin"

Apoiada por deputados e entidades da sociedade civil, a FNT (Frente Nacional de Torcedores) lançou nesta sexta-feira uma campanha para que José Maria Marin deixe a presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A "Fora Marin" pede a queda do atual presidente da confederação e do COL (Comitê Organizador Local da Copa do Mundo) devido a sua ligação com o governo militar vigente no Brasil de 1964 a 1985.

A campanha usa como argumento documentos e registros históricos que mostram o apoio de Marin ao governo militar. No lançamento da campanha, foi exibido, inclusive, o áudio de um discurso do presidente da CBF, na época ainda deputado estadual por São Paulo, defendendo uma intervenção na TV Cultura. Duas semanas depois, o jornalista Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da emissora, foi preso e assassinado dentro de uma prisão.

"Não podemos aceitar que uma pessoa que pode ser considerada uma das responsáveis pela morte de Herzog esteja à frente do futebol", afirmou Mário Augusto, representante da ABI (Associação Brasileira da Imprensa), uma das entidades que mandou representantes ao ato de lançamento da "Fora Marin". Além dela, A OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro) e o Movimento Tortura Nunca Mais, que defende a investigação dos crimes da ditadura, declararam seu apoio à campanha.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e os deputados federais Chico Alencar (PSOL), Alessandro Molon (PT) e Fernando Ferro (PT) participaram do ato. Molon e Ferro, inclusive, defenderam que o governo intervenha na administração da CBF e outras entidades esportivas.

Ferro é autor de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que coloca a regulação das entidades esportivas como uma obrigação do Estado. A proposta tramita no Congresso Nacional. Nesta semana, ela deve receber parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

"A consultoria da Câmara já estudou o projeto e definiu que ele pode seguir sua tramitação. Na semana que vem, eu apresento meu parecer favorável à proposta e ela seguirá em frente", disse ele, que é o relator do projeto.

Romário e Ivo Herzog

As esperadas presenças do deputado e ex-jogador Romário e do filho de Herzog, Ivo Herzog, acabaram não se confirmando. Romário declarou seu apoio à causa, mas não foi ao evento de seu lançamento. Já Ivo Herzog, que está fora do país, mandou um vídeo exibido no ato da "Fora Marin".

"Sou contra Marin principalmente à frente da Copa do Mundo", declarou nele, no vídeo. "A Copa do Mundo não é dele. Tem muito dinheiro público e não pode ter à sua frente alguém que está ligado àquilo tudo o que lutamos contra."

"Marin é presidente da CBF, portanto, a ditadura ainda não acabou", complementou o presidente da FNT, João Hermínio Marques. "Marin e outros cartolas estão acabando com o futebol brasileiro."

De acordo com a FNT, a campanha "Fora Marin" será levada a várias cidades do país. No dia 2 de junho, por exemplo, torcedores ligados à frente farão uma manifestação no Maracanã antes do amistoso inaugural entre Brasil e Inglaterra.

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