Vaia em BH faz seleção rever passado de hostilidade caseira; relembre

Do UOL, em São Paulo

Vaiar a seleção brasileira se tornou uma atitude comum dos torcedores quando a equipe joga – e mal - em território nacional. O próprio Neymar tem sofrido nos últimos tempos com os apupos, mas outros jogadores e treinadores já sofreram com as críticas e a paciência curta de quem está nas arquibancadas.

A reação negativa do público nem sempre significou mudanças drásticas na equipe, como em 2002 e os insistentes pedidos para a convocação de Romário para a Copa daquele ano. Pode até demorar um pouco, mas as 'cornetadas' da torcida geralmente trazem alguma consequência para a seleção.

As quedas de treinadores como Dunga e Mano Menezes foram provocadas pelo desempenho abaixo do esperado da equipe, falta de bons resultados e pressão interna, mas a 'voz do povo' também teve seu papel nestas demissões.

Os repetidos coros de 'adeus' para cada técnico que assume o comando da seleção se tornaram comuns e, de certa forma, respingam nas atitudes posteriores. Felipão, por exemplo, reconheceu que a seleção está devendo e disse entender as cobranças.

Veja alguns exemplos de como as críticas da torcida influenciaram o comportamento da seleção:

NEYMAR, NOVO ALVO DAS VAIAS DA TORCIDA

  • Nos amistosos disputados pela seleção na Europa, Neymar sofreu com a fama de 'cai-cai' e foi vaiado. Em território nacional, a atitude dos torcedores não tem sido diferente. Antes do jogo contra o Chile, o atacante sofreu com o público presente ao Morumbi na vitória por 1 a 0 sobre a África do Sul, no ano passado. Além das vaias, ele foi xingado e chamado de 'pipoqueiro'.

ROMÁRIO, UM CORO RECORRENTE NAS ARQUIBANCADAS

  • A seleção joga mal? O ataque não funciona? O torcedor que acompanhou a seleção nos anos 90 e 2000 tinha a solução na ponta da língua: Romário. A voz das arquibancadas clamava pelo Baixinho quando ele não estava em campo. Foi assim em 2002, nos amistosos contra a Bolívia, em Goiânia, e Islândia, em Cuiabá – nesta partida, os torcedores comemoram um gol islandês e muitos deles deixaram o estádio no meio da partida como forma de protesto. Na época, o treinador Luiz Felipe Scolari não deu ouvidos aos pedidos da torcida e não convocou Romário para a Copa daquele ano. O título conquistado na Coreia/Japão calou os críticos.

SÃO PAULO, TERRITÓRIO HOSTIL PARA A SELEÇÃO

  • A relação entre o público paulistano e a seleção brasileira está longe de ser das mais amorosas. O episódio mais emblemático deste relacionamento conturbado foi o jogo contra a Colômbia, em 2000, pelas eliminatórias da Copa-2002. Uma chuva de bandeirinhas tomou conta do Morumbi com a exibição sem brilho da seleção, que venceu por 1 a 0. O estádio do São Paulo também foi palco de muitas vaias e xingamentos no ano passado contra a África do Sul. O 'privilégio' de cornetar o Brasil também se estende ao Pacaembu. Em 2011, a torcida não perdoou nem mesmo o fato de ser um jogo festivo: na despedida de Ronaldo, o time parou no segundo tempo e irritou a torcida, que desejava ver bem mais do que o magro 1 a 0.

A CULPA É DO PROFESSOR

  • Ser técnico da seleção brasileira exige uma dose extra de paciência com a torcida quando a equipe joga por aqui. Em 2008, o Mineirão foi palco do empate sem gols entre Brasil e Argentina, no qual a torcida cantou "Adeus Dunga". No ano passado, Mano Menezes sofreu com os gritos de 'burro' e 'adeus' em várias ocasiões, como na vitória por 1 a 0 sobre a África do Sul (Morumbi). A 'voz do povo' foi implacável mesmo com o triunfo por 2 a 1 sobre a Argentina no Superclássico das Américas em 2012. O público do Serra Dourada gritou 'Messi', pediu a volta de Felipão e viu seu desejo ser atendido pouco depois.

TORCIDA CARIOCA NÃO PERDOA RAÍ

  • Em 1998, a seleção brasileira disputou um amistoso contra a Argentina no Maracanã às vésperas da Copa do Mundo. Era a chance que Raí precisava para convencer o técnico Zagallo a levá-lo para o Mundial na França. O meia foi escalado como titular, mas teve desempenho discreto. A torcida, que lotou o estádio, não perdoou o jogador e gritou a plenos pulmões "Raí, pede para sair". O jogador foi substituído e viu terminar ali sua esperança de disputar a Copa-98.

DE MÃOS DADAS PELO TETRA

  • Nas eliminatórias para a Copa do Mundo-1994, a seleção brasileira comandada por Carlos Alberto Parreira foi duramente criticada. A derrota por 2 a 0 para a Bolívia em La Paz foi a gota d'água para a torcida, que demonstrou sua irritação na vitória por 2 a 0 sobre o Equador no Morumbi. A volta por cima aconteceu em Recife, na partida contra os bolivianos. Os jogadores brasileiros entraram em campo de mãos dadas, em gesto que marcaria a campanha da conquista do quarto título mundial, e golearam por 6 a 0.

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