Negociação entre BB e Odebrecht sobre Itaquerão não avança após oito meses
Rodrigo Mattos
Do UOL, em São Paulo
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Leandro Moraes/UOL
As obras no estádio do Corinthians são tocadas com dinheiro da Odebrecht
A ameaça do corintiano Andres Sanchez de que as obras do Itaquerão podem parar não alteraram o cenário de impasse entre Banco do Brasil e Odebrecht na negociação para viabilizar o empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Sócio Econômico) ao estádio. A trava entre as duas partes completou exatos oito meses nesta segunda-feira e continua a girar em torno das garantias para a transação.
O banco estatal aprovou um empréstimo de R$ 400 milhões para a arena corintiana no dia 11 de julho de 2012. Pelos termos da aprovação, o Banco do Brasil atuaria como repassador desse dinheiro à Arena Itaquera S.A., formada pela empreiteira para o financiamento das construções.
A questão é que a Odebrecht quis apresentar como garantia para o negócio as receitas futuras da arena. Já o BB exige que a empreiteira mostre garantias tradicionais, como bens físicos ou cartas bancárias. Sua alegação é que essas são as regras bancárias. Nenhum dos dois lados cedeu até esta semana, segundo apurou o UOL Esporte.
Continuam a ocorrer reuniões constantes entre as partes. E o consórcio que toca a obra tem apresentado seguidas propostas com modelos para dar avala à transação. Todas foram recusadas até agora.
Do lado do BB, os dirigentes já deixaram claro que não se importam quem é o responsável pela gestão do estádio, seja Odebrecht ou Corinthians. Só informaram que as garantias têm que ter o modelo tradicional, que dê segurança ao banco, e que sejam dados pela empreiteira, pois há veto a transação com clubes de futebol. Há um pessimismo no banco em relação ao negócio.
Até agora, a empreiteira já investiu cerca de R$ 500 milhões de seu cofre ou de empréstimos no projeto, segundo sua diretoria informou recentemente. Responsável do Corinthians para a obra, Andrés Sanchez afirmou que a obra pode parar no final do mês se não sair o empréstimo do BNDES.
"Todo mundo sabe que o Corinthians dependia do financiamento do BNDES e da garantia sobre investimentos de melhoria para a zona leste para tocar a obra. Se não saírem nas próximas semanas, nós vamos parar as obras no Itaquerão", disse ele à TV Gazeta, no domingo.
Oficialmente, nem Odebrecht, nem o Banco do Brasil se pronunciaram sobre o assunto.