O presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014, José Maria Marin, dedica quatro dos cinco dias úteis desta semana a ajudar a Fifa (Federação Internacional de Futebol) e seus parceiros comerciais a aquecer as vendas dos camarotes e pacotes de ingressos VIP para os jogos da Copa das Confederações, que ocorrem no Brasil em junho deste ano.

Desde a última segunda-feira, Marin e o executivo-chefe do COL, Ricardo Trade, participam de um "tour" pelas seis cidades-sede da Copa das Confederações (Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador), que é organizado pela Match Connections, parceira da Fifa, para apresentar os pacotes oferecidos para a Copa das Confederações a empresas compradoras em potencial. Autoridades dos governos estaduais de cada sede também participam do evento.

Os pacotes são divididos em três categorias, disponíveis para grupos corporativos, famílias e individuais. Vão de suíte privativa para jogos a assentos individuais que contam com serviços de hospitalidade. Os preços variam de R$ 1.500,00 a R$ 535.000,00. Nenhuma porcentagem dos recursos obtidos com a venda dos pacotes será revertida à CBF ou ao COL, ficará tudo com a Fifa e seus parceiros comerciais.

Nesta terça-feira, Marin e Ricardo Trade estarão no Ponta Mar Hotel, em Fortaleza, junto com a equipe comercial da Match Connections, em evento de apresentação dos pacotes a empresas e interessados. Na última segunda, estiveram em Belo Horizonte e Brasília. Já na quarta-feira, participam de esforço de venda em Salvador e em Recife. Finalmente, na quinta-feira, concluem o "road show" no Rio de Janeiro.

A viagem de Marin acontece na semana seguinte ao anúncio da Fifa de que a venda dos pacotes VIP para as partidas da Copa das Confederações não estavam tendo o desempenho esperado. Enquanto 52% do total de bilhetes da competição deste ano já foram negociados, só cerca de 12% das entradas para as áreas VIPs das arenas foram vendidas até agora. Dos cerca de 80 mil lugares disponíveis nos camarotes, só 9,7 mil foram comercializados, segundo a Fifa.

"Não podemos dizer que isso é um sucesso", reconheceu o diretor de marketing da entidade máxima de futebol, Thierry Weil, durante entrevista coletiva com jornalistas brasileiros na última quinta-feira. A Fifa não divulga quais empresas ou pessoas físicas já adquiriram os pacotes VIP. Duas, porém, já são conhecidas.

A primeira é o Banco do Brasil, que irá gastar em camarotes da Copa do Mundo de 2014 e da Copa das Confederações o equivalente a quase 10% de sua verba anual de apoio e patrocínio ao esporte brasileiro. O banco gastou até agora R$ 6,4 milhões em camarotes para os dois eventos. Em 2012, o Banco do Brasil investiu R$ 70 milhões em patrocínios a atletas e seleções de diversas modalidades esportivas. A despesa com camarotes, também contraída em 2012, equivale a 9,14% do patrocínio total ao esporte. 

A segunda é o Governo do Distrito Federal, que achou por bem gastar mais de R$ 1,5 milhão em mil ingressos VIP e um camarote fechado para a Copa das Confederações, em uma única partida, entre Brasil e Japão, no estádio da capital brasileira. O governo distrital não informou quem receberá as entradas.

A agenda de viagens de Marin e Trade por favor à Fifa e a seus parceiros não foi divulgada institucionalmente pela CBF ou pelo COL. De acordo com a assessoria de imprensa do comitê organizador, não houve divulgação por se tratar de eventos "business-to-business" entre a Fifa e seus parceiros comerciais. Ainda segundo a assessoria, a participação das duas mais altas autoridades do COL por cinco dias em um evento comercial da Fifa foi "programada há algumas semanas".