Novato na seleção, Dante brinca e diz que vai falar com David Luiz sobre 'direitos de uso' de cabeleira

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres

  • AFP PHOTO / CHRISTOF STACHE

    Dante comemora gol pelo Bayern de Munique; zagueiro foi convocado por Felipão

    Dante comemora gol pelo Bayern de Munique; zagueiro foi convocado por Felipão

É bem possível que torcedores brasileiros tenham recorrido a alguma ferramenta de busca na internet ao ver o nome de Dante na lista de convocados de Luiz Felipe Scolari para o amistoso contra a Inglaterra, em Londres,  no próximo dia 6. Mas o zagueiro há algum tempo tem sido notado no futebol europeu. Se na temporada 2011/12 ele chamou atenção por ser um dos destaques numa campanha de conto de fadas do modesto Borussia Monchengladbach (o time terminou em quarto e se classificou para a fase preliminar Liga dos Campeões da Uefa), ele atualmente é um pilar defensivo do Bayern de Munique.

Na atual temporada, o clube sofreu apenas sete gols em 18 partidas na Bundesliga, com a ajuda da zaga formada pelo brasileiro e o alemão Jerome Boateng. Aos 29 anos, Dante pela primeira vez defende um clube de ponta nos dois lados do Atlântico. No Brasil, a equipe de maior destaque foi o Juventude (RS) e em quase nove anos de Europa, ele passou por França (Lillle) e Bélgica (Charleroi e Standard Liege) antes de chegar ao Borussia.

Naturalmente, o baiano diz se sentir especialmente recompensado pela primeira convocação para uma seleção brasileira, apesar de desde já tentar evitar o entusiasmo demasiado com a presença na lista de Felipão. Porém, em entrevista ao UOL Esporte, Dante também exibe um lado brincalhão e garante que vai conversar com o também zagueiro David Luiz sobre os direitos de uso da cabeleira. ''O David é famoso pela cabeleira, mas eu tenho o penteado muito antes dele'', brinca.

UOL Esporte: Foi surpresa a convocação?

Dante: A gente sempre trabalha esperando um dia ter a chance e estar num grande clube como o Bayern certamente me deu um pouco mais de visibilidade. Mas ainda assim foi uma sensação diferente. Treinei com o Bayern e, no vestiário, o Luiz Gustavo, meu colega de equipe, veio me dar os parabéns pela convocação – depois eu vi que tinha um festival de chamadas perdidas no meu celular! Estou feliz de estar no grupo, mas não quero apenas ver meu nome na lista. Agora preciso mostrar que mereço ser chamado mais de uma vez.

UOL Esporte: Incomoda saber que no Brasil seu nome ainda é relativamente desconhecido?

Dante: Prefiro pensar que o nível de reconhecimento não é o mesmo que o de qualidade. Sim, admito que ainda há gente no Brasil que não vai me reconhecer no aeroporto, mas quem precisa saber quem eu sou é o Felipão (risos). Eu ainda posso andar tranquilo quando vou ao Brasil, se bem que por causa da cabelereira podem achar que sou o David Luiz.

UOL Esporte: Há espaço para dois penteados tão volumosos na seleção?

Dante: Olha, eu uso meu cabelo assim faz sete anos. Antes do David.

UOL Esporte: Mesmo quem não te conhece tem que admitir que seus números no Bayer têm sido interessantes. Em sua primeira temporada você tomou espaço de zagueiros mais estabelecidos e é parte de uma defesa que sofreu 0.38 gol por partida na Bundesliga. Você esperava se adaptar tão rápido?

Dante: Claro que sabia da responsabilidade de jogar pelo Bayern. Mas nunca tive medo. Quando saí do Borussia ouvi muita gente dizer que eu era maluco, que o Bayern tinha um monte de zagueiros e que eu ia ficar no banco. Mas era uma oportunidade única e eu confiava no meu jogo. Sou um zagueiro que gosta de sair jogando, de tocar a bola, e acho que meu estilo se encaixou com o do Bayern. Admito que as coisas aconteceram muito rápido, mas isso também teve a ver com a seriedade com que trabalhei.

DANTE E DAVID LUIZ, OS CABELUDOS DA SELEÇÃO

 

UOL Esporte: Como vai ser na seleção?

Dante: Espero aproveitar a oportunidade. Nunca trabalhei com o Felipão e conheço bem pouco o grupo. Joguei contra o Fred quando ele estava no Lyon e recentemente, quando o Bayern enfrentou o Valência na Liga dos Campeões, bati um papo com o (goleiro) Diego Alves. Estou ansioso para encontrar o grupo, mas nessa profissão a gente aprende que não se deve deixar a expectativa tomar conta, para não atrapalhar.

UOL Esporte: Felipão utilizou uma linha de três zagueiros na seleção de 2002. Você se sentiria à vontade nesse esquema?

Dante: O Bayern joga com dois zagueiros, mas já joguei em linha de três no Standard Liege, por exemplo. Eu até gosto mais desse esquema, pois, permite que os zagueiros avancem mais um pouco. Mas quem decide é o treinador. Os jogadores precisam de adaptar ao que ele imaginar ser melhor para o time.

UOL Esporte: O que você acreditar poder trazer para a seleção?

Dante: Tenho experiência na Europa e venho bem no meu clube. Sei que ainda é minha primeira convocação, mas me sinto preparado para buscar um espaço e é isso que vou tentar fazer. Foi como disse para a minha mãe no telefone, quando contei para ela que tinha sido chamado: não dá para fazer muita festa, a parte mais difícil para um jogador não é chegar na seleção, mas se manter nela.

UOL Esporte: Seu futuro treinador no Bayern, Pep Guardiola, também usava uma linha de três no Barcelona. Como está a expectativa para a chegada dele?

Dante: É impossível não pensar em como vai ser trabalhar com um treinador da qualidade do Guardiola, mas ele só começa a trabalhar em 1o de julho de 2013. Até lá não só temos a Bundesliga e a Liga dos Campeões para disputar como precisamos respeitar o trabalho do treinador atual, Jupp Heynckes. De repente coroaremos a despedida dele com um título.

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