Operários da reforma no Maracanã são demitidos após apoiar índios contra demolição de museu

Vinicius Konchinski e Aiuri rebello

Do UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo

  • Celso Pupo/Fotoarena/Estadão Conteúdo

    Indígenas prometem resistir à ordem de saída da aldeia do Museu no Índio, no Maracanã (12.jan.2013)

    Indígenas prometem resistir à ordem de saída da aldeia do Museu no Índio, no Maracanã (12.jan.2013)

Após participarem da manifestação contra a demolição do Museu do Índio e a expulsão de membros da Aldeia Maracanã que vivem no local, próximo ao estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, dois operários que trabalhavam nas obras de reforma do estádio foram demitidos nesta segunda-feira (14). Os carpinteiros José Antonio dos Santos, 47, e Francisco de Souza Batista, 33, contam que participaram da manifestação no sábado (13) após encerrarem o turno de trabalho, por volta do meio-dia.

"Estávamos indo para casa depois do trabalho quando vimos aquela confusão com a polícia ali na frente do museu", diz Santos. "Os índios e as outras pessoas que participavam da manifestação ali na frente chamaram a gente, aí eu e o Francisco fomos", afirma ele. "Quando fomos voltar para o vestiário tomar banho e pegar nossas coisas, os seguranças da obra tomaram os nossos crachás", diz Santos.

Ao chegarem para trabalhar na manhã desta segunda-feira, os carpinteiros foram informados que haviam sido mandados embora.

De acordo com o Consórcio Maracanã, responsável pela reforma do estádio, "os trabalhadores foram desligados por evadirem os postos de trabalho durante o horário de expediente sem prévia comunicação e infringiram as normas de segurança do trabalho ao pularem o muro do estádio". Os dois negam que tenham ido ao museu durante o horário de trabalho, e acreditam em perseguição.

'Não me arrependo'

"Não me arrendo de forma alguma, é uma injustiça o que está acontecendo ali", afirma Batista.

No sábado, a tropa de choque da PM carioca chegou a cercar o museu, o que gerou uma grande manifestação a favor da permanência dos índios no local. De acordo com o governo do RJ,  a desocupação para demolição do prédio ocorrerá assim que governo tiver um mandado judicial. 

A demolição do prédio, que não é tombado, está prevista na reforma do Maracanã e é "parte importante na questão da mobilidade", de acordo com nota divulgada pelo governo do Estado.  A previsão é cadastrar todos os moradores e removê-los antes de derrubar o prédio.

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