Dupla Neymar, 20 anos, e Kaká, 30, expõe geração perdida da seleção
Paulo Passos
Do UOL, em Nova Jersey
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Mowa Press
Kaká e Neymar farão contra a Colômbia o terceiro jogo juntos na seleção
A seleção brasileira que se apresenta nesta segunda-feira em Nova Jersey para o amistoso contra a Colômbia, na próxima quarta, tem Neymar, 20 anos, e Kaká, 30, como centro das atenções e astros do time. A diferença de idade do meia do Real Madrid, último brasileiro a levar o Bola de Ouro da Fifa, e o atacante do Santos, que é o único jogador do país na lista do prêmio deste ano, expõe uma geração perdida na seleção e no futebol brasileiro. Nenhum jogador que nasceu no período de 10 anos, de 1982 a 1992, conseguiu destaque suficiente para chegar a ser escolhido melhor do mundo.
Mais, jogadores que brilharam em seleções de base não repetiram o sucesso no time principal. O hiato é admitido pelo próprio técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, que vê a atual geração pré-Neymar com menos estrelas que as anteriores.
"Futebol é cíclico. Talvez a gente tenha sido beneficiado por uma sequência de ciclos virtuosos. Sempre contamos com os principais atacantes do mundo. E nos últimos anos a gente não vinha tendo essa condição. Nossos atacante não vinham configurando entre os principais clubes do mundo. Então, isso interferiu na seleção, sem dúvida nenhuma. Mas não acho que a gente tem que ficar olhando para aquilo que não tem. Temos que olhar para os jogadores que cresceram e estão conosco. Temos que preparar essa geração nova. Temos entre os jogadores escolhidos se afirmando", disse Mano Menezes em entrevista ao UOL Esporte.
Nos últimos 10 anos, o Brasil ganhou dois Mundiais sub 20 e um sub 17. Em 2003, um ano depois da última Copa vencida pelo país, os times da CBF venceram as duas principais competições de categorias de base da Fifa. Com jogadores nascidos em 1983 e 1984, os brasileiros levaram o sub-20 e com atletas de 1986 e 1987 ganharam o sub-17.
Os destaques dos dois times, principalmente, os do meio-campo e ataque não conseguiram repetir o mesmo sucesso na seleção principal. Daniel Carvalho, Carlos Alberto, Kleber e Dudu Cearense eram os titulares no time campeão, além de Daniel Alves. O lateral do Barcelona, seu colega de clube Adriano e o goleiro Jefferson são os jogadores daquele time que vem sendo chamados por Mano Menezes.
"Vejo isso com normalidade. Nas seleções de base, você tem o limitador da idade, então é bem diferente do time principal. Então, ter três jogadores daquele time na seleção principal é bastante coisa", afirma Marcos Paquetá, que comandou os times sub-20 e sub-17 campeões do mundo em 2003.
Na semifinal do sub-20, o Brasil eliminou a Argentina, de Tevez, e na decisão venceu a Espanha, que tinha Andrés Iniesta.
GERAÇÃO PERDIDA NA SELEÇÃO BRASILEIRA
Considerado craque por José Mourinho, o meia-atacante acumulou títulos quando surgiu – ganhou uma Liga dos Campeões com 19 anos. Problemas fora do campo, de indisciplina e até para se manter no peso ideal fizeram Carlos Alberto "estacionar" na carreira. | |
Promessa do São Paulo, o atacante foi titular na conquista do Mundial sub-20 de 2003. Após o torneio acabou indo para a Ucrânia. No leste europeu ficou fora da vitrine. Lesões e problemas de indisciplina também o afastaram da seleção. | |
Artilheiro do Mundial sub-20 de 2003, Dudu surgiu como uma das principais promessas da sua geração. Assim como Kleber saiu cedo do país. Foi chamado para a seleção por Parreira e Dunga, mas não repetiu o bom futebol no time principal. | |
O meia-atacante era tido como craque nas categorias de base do Internacional. Antes do 20 anos foi vendido para o CSKA da Rússia. Chegou a jogar na seleção, durante a era Dunga. Hoje, porém, não consegue ser titular do Palmeiras. | |
O meia fez uma carreira sólida na Europa, mas nunca se firmou na seleção. Com Dunga, venceu uma Copa América, mas depois deixou de ser chamado. Na era Mano, nunca foi lembrado. | |
Maior aposta para ser o novo brasileiro melhor do mundo, Robinho não conseguiu se mostrar genial na Europa. Na carreira, conseguiu bons contratos, foi titular na seleção, mas vem sendo esquecido por Mano Menezes desde a Copa América. |