Deputados devem ir à Justiça para cancelar audiência sobre privatização do Maracanã

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski/UOL

    Manifestantes protestam em audiência pública sobre privatização do Maracanã

    Manifestantes protestam em audiência pública sobre privatização do Maracanã

Antes mesmo de terminar a audiência pública sobre a privatização do Maracanã, deputados estaduais presentes já haviam decidido que, para eles, o encontro não valeu de nada. Alguns deles, inclusive, devem ir à Justiça para que a sessão convocada pelo governo seja anulada.

A audiência foi realizada na quinta-feira. Ela foi marcada por grande tensão e protestos contra a proposta de privatização do estádio e seus anexos. Até fezes foram atiradas por manifestantes em representantes do governo presentes na reunião.

Logo no início da audiência, uma carta conjunta de manifestantes foi lida pelo membro do Comitê Popular da Copa do Rio de Janeiro, Gustavo Mehl. Por meio dela, foi exigido o cancelamento do evento já que só se discutiria o formato da privatização do Maracanã, e não se o complexo esportivo do estádio deveria ser mesmo privatizado.

PRIVADO POR R$ 7 MILHÕES POR ANO

  • Ministério do Esporte/Portal da Copa

    O governo do Rio de Janeiro divulgou as primeiras informações sobre o processo de privatização do Maracanã. A administração do estádio será repassada à iniciativa privada no ano que vem, antes da reinauguração da arena. Pela concessão, o Estado ganhará cerca de R$ 7 milhões por ano.

"Essa audiência não é legítima, pois há uma questão de maior relevância que precede qualquer debate sobre o modelo de concessão", disse. "O debate tem que ser sobre qual deve ser a gestão do Maracanã: se pública ou privada."

O secretário estadual da Casa Civil, Regis Fitchner, afirmou que a questão poderia ser sim debatida na audiência. Por isso, decidiu dar prosseguimento a sessão, mesmo contra a vontade da maioria dos cerca de 500 presentes no local.

A decisão de Fitchner revoltou os presentes. Uma série de protestos marcaram a primeira hora da sessão e tornaram quase impossível a manifestação de inscritos para falar durante o evento.

Esses protestos foram apoiados por deputados estaduais. Os parlamentares, assim como a maioria dos presentes, acabaram decidindo boicotar a audiência e informaram que querem a anulação dela.

"Eu e um grupo de parlamentares vamos tentar uma ação jurídica contra essa 'farsa'", afirmou a deputada Jandira Rocha (PSOL). "Como isso é uma audiência pública se o povo não é ouvido?"

Paulo Ramos (PDT) disse que uma ação civil pública deve ser proposta pelos parlamentares. Para ele, o governo do Rio de Janeiro realizou a audiência como uma mera formalidade para dar prosseguimento a uma privatização que já está definida. "Já está certo que tudo será entregue para o Eike [Eike Batista]", afirmou o deputado, após deixar a audiência.

Na quarta-feira, o UOL Esporte informou que representantes de uma das empresa de Eike já haviam se reunido com o governo estadual para tratar da privatização do Maracanã. O encontro ocorreu a portas fechadas, no Parque Aquático Julio Delamare. O governo nega.

Apesar de todos os protestos, o secretário Fitchner negou qualquer possibilidade de anular a audiência pública. "Os que protestaram são um grupo pequeno, uma minoria", justificou ele.

Segundo o secretário, dentro de dez dias, o edital que definirá a administradora do Maracanã pelos próximos 35 anos deve ser publicado

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