De olho no cofre

Audiência sobre privatização do Maracanã tem xingamento, fezes e boicote de manifestantes

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski/UOL

    A audiência foi marcada por protestos e até arremesso de fezes em secretário do governo

    A audiência foi marcada por protestos e até arremesso de fezes em secretário do governo

A audiência pública sobre a privatização do Maracanã foi marcada pela tensão. O evento reuniu cerca de 500 pessoas e representantes do governo do Estado do Rio de Janeiro, que acabaram sendo xingados e foram alvo até de fezes atiradas por manifestantes.

Tudo isso por terem prosseguido com a sessão mesmo após pedidos de cancelamento. A audiência, formalmente, deveria ouvir a população sobre a proposta do governo de privatizar a administração do estádio e os seus anexos, como o ginásio do Maracanãzinho.

Desde o início da audiência pública, centenas de manifestantes exigiram seu cancelamento. Em carta lida logo na abertura da sessão, Gustavo Mehl, membro do Comitê Popular da Copa, afirmou que o encontro não era legítimo pois serviria como uma mera formalidade exigida para o prosseguimento do processo de privatização do Maracanã.

O secretário estadual da Casa Civil, Regis Fitchner, presidiu a mesa de representantes do governo presentes na audiência. Fitchner se negou a cancelar o evento. Isso fez com que a maioria dos que lá estavam iniciassem um protesto que durou mais de uma hora.

Durante esse período, várias pessoas pediram a palavra e também solicitaram o cancelamento da audiência. Houve momentos em que manifestantes ameaçaram invadir o espaço destinado aos membros do governo e reforço policial foi solicitado.

Mesmo sob protestos, Fitchner deu seguimento à audiência. Um indígena que vive no prédio do antigo Museu do Índio, então, resolveu jogar um saco de fezes no secretário em protesto contra a sessão.

Pouco tempo depois, a maior parte das pessoas que estavam no local decidiu boicotar o evento. Eles deixaram o espaço em que estava sendo realizada a audiência jogando cadeiras e entoando gritos contra a privatização do Maracanã.

A sessão prosseguiu esvaziada. Fitchner ouviu todos os que haviam pedido a palavra e encerrou a audiência após duas horas e meia de confusão. 

O secretário negou qualquer possibilidade de anulação da sessão. "Os que protestaram são um grupo pequeno, uma minoria", justificou ele. "A audiência pública é uma obrigação que temos que cumprir por causa da licitação do estádio, e nós cumprimos."

Segundo o secretário, dentro de dez dias, o edital que definirá a administradora do Maracanã pelos próximos 35 anos deve ser publicado. Ele disse que nenhuma decisão já tomada pelo governo estadual será alterada devido as manifestações dos presentes na audiência pública. "Não voltaremos atrás em nenhuma decisão."

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