Estádio fica vazio na Polônia e amistoso da seleção brasileira volta a ter "clima de biblioteca"

Fernando Duarte

Do UOL, em Wroclaw (Polônia)

  • Reuters

    Com diversas cadeiras vazias ao fundo, Kaká chuta para marcar gol do Brasil na vitória sobre o Japão

    Com diversas cadeiras vazias ao fundo, Kaká chuta para marcar gol do Brasil na vitória sobre o Japão

Com capacidade para 42 mil pessoas, o Miejski Stadion, em Wroclaw tinha vários clarões na arquibancada para o amistoso desta terça-feira entre Brasil e Japão – o público presente não foi divulgado. Além de dificuldades naturais como a distância separando os dois países envolvidos da cidade polonesa, uma combinação de decisões questionáveis dos organizadores da partida contribuiu para que a seleção mais uma vez disputasse sem casa cheia um amistoso na Europa.

Um dos problemas mais claros foi o fato de a partida ser disputada no mesmo dia em que a Polônia estaria recebendo a Inglaterra em Varsóvia para uma partida considerada crucial para as pretensões dos anfitriões de classificação para o Mundial de 2014. Por sinal, o presidente da Federação Polonesa de Futebol, o ex-jogador Grzegorz Lato, inicialmente queria vetar a realização do amistoso. Também pode se especular que, apesar do progresso recente, a seleção japonesa ainda não é o que se pode chamar de um íma para torcedores neutros.

Essa foi uma das razões pelas quais, como mandante do jogo, a Federação Japonesa, relutou em aceitar a proposta para jogar com a Polônia. Agora que, assim como o Brasil, tem a maioria dos jogadores baseados na Europa, o Japão também precisa de uma rotina cigana para amistosos. A escolha original de local, porém, era Dusseldorf, na Alemanha, onde existe uma colônia de imigrantes do país.

Os planos esbarraram no fato de o estádio local, a Esprit Arena, estar reservada para um concerto durante o fim de semana. Os organizadores, então, negociaram com Wroclaw, cujas autoridades locais tem tentado trazer eventos e mais eventos para a cidade para aproveitar o Miejski Stadion, erguido para sediar apenas três jogos da Eurocopa – segundo a imprensa local, a prefeitura investiu um milhão de euros para garantir o jogo. O time local, o Slask Wroclaw, herdou a arena, mas não consegue médias de público maiores de 17,5 mil torcedores.

Ontem parecia haver um pouco mais gente para ver Kaká, Neymar & cia, mas em poucos momentos houve uma atmosfera mais efusiva na arena, que passou por momentos de silêncio normalmente que torcedores adversários na Europa costumam apelidar de biblioteca.

O jogo pelo menos teve placar elástico um boa atuação da seleção brasileira e trouxe a promessa de um renascimento de Kaká. E proporcionou oportunidades únicas para alguns torcedores. Um grupo de jogadores de futsal brasileiros que defende o FK Era-Pack, clube da cidade de Chrudim, na República Tcheca dirigiu mais de 200km para assistir pela primeira vez a um jogo da seleção. ''Se tivessem marcado esse jogo para outro lugar a gente não iria conseguir folga para viajar para muito longe. Quase não acreditei quando vi na internet que o Brasil viria até a Polônia'', afirmou o gaúcho Emerson Jr, pivô do time de futsal e comandante de uma mini-caravana de sete pessoas, reforçada até pelo filho adolescente do presidente do clube tcheco.

Embora tenha encontrado bons públicos nas partidas realizadas no Brasil e nos EUA, desde a Copa de 2006 e a aposentadoria de astros como Roberto Carlos e Ronaldo, têm sido difícil para a seleção lotar estádios em algumas partidas na Europa. Especialmente diante de adversários menos tradicionais.

E mesmo a marcação mais estratégica de jogos levando em conta aspectos culturais nem sempre funciona, como ficou comprovado na partida contra o Iraque em Malmo (Suécia), na quinta-feira, quando a grande presença de imigrantes iraquianos na região foi insuficiente para vender mais do que 15 mil ingressos para uma arena de 21 mil lugares.

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