Vídeo mostra ataque a mascote da Copa em Brasília; ato foi "resposta à corrupção"

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Marcello Casal Jr./Agência Brasil

    Área onde ficava o boneco gigante do tatu-bola mascote da Copa do Mundo de 2014, em Brasília

    Área onde ficava o boneco gigante do tatu-bola mascote da Copa do Mundo de 2014, em Brasília

Um vídeo do esfaqueamento do mascote inflável da Copa do Mundo de 2014 que estava exposto em Brasília foi divulgado na internet. A sequência mostra o momento em que uma pessoa fura o boneco. O vídeo também questiona a realização do Mundial no Brasil.

Ele foi publicado em um site. Não há informações sobre quem o divulgou nem sobre os autores do ataque ao tatu-bola símbolo da Copa do Mundo. A única identificação disponível sobre o arquivo é a do usuário que o postou na internet: Tatu Morto.

Na página do vídeo, também foi publicada uma carta. Nela, as pessoas que supostamente teriam esfaqueado o boneco justificam o ato. Segundo eles, a "morte" do tatu "é uma resposta a todo cinismo, corrupção e violência que os verdadeiros vândalos das grandes empresas e do governo impõe" à sociedade para promover a Copa (leia carta abaixo).

O UOL Esporte tentou nesta segunda-feira contato com o usuário que publicou o vídeo na internet. Não obteve resposta.

O ataque ao tatu-bola em Brasília ocorreu na terça-feira passada. A réplica inflável do símbolo do Mundial estava instalada na Esplanada dos Ministérios.

O incidente foi o segundo do tipo ocorrido no país. Antes, um mascote havia sido danificado em Porto Alegre. No sábado, mais um mascote foi atacado, desta vez, em São Paulo.

Confira a íntegra da carta públicada junto com o vídeo do ataque ao mascote em Brasília:

Invasões Bárbaras

Vândalos invadiram a esplanada; bárbaros estrangeiros enfiando guela abaixo sete metros de material sintético vestindo o brasão das potências estrangeiras. Seguranças protegem o Tatu Cola, estandarte do exército inimigo, mas o verdadeiro tatu bola, sem segurança, continua em extinção.

A morte do Tatu Cola na Esplanada dos Ministérios não foi um ato de vandalismo nem um protesto contra a Coca Cola em si, muito menos contra os nomes estúpidos sugeridos para o infame boneco, como foi veiculado pela grande mídia. É claro que essa mídia corporativa, que recebe verba das grandes empresas e sobretudo o GDF, não iria refletir sobre o ato que na verdade foi uma expressão de repúdio aos grandes opressores e oportunistas que estão por trás do evento da Copa do Mundo no Brasil.

Pra quem é feita a copa? Os ingressos caros apenas poderão ser adquiridos por uma minoria rica (o fim da meia entrada já exclui os incômodos estudantes); o acarejé, Patrimônio Imaterial da cultura brasileira, não poderá ser comercializado pelas tradicionais baianas nas imediações dos estádios, pois lá só os patrocinadores oficiais da FIFA (Coca Cola e McDonalds) terão primazia para matar a fome de gols dos entusiasmados compatriotas.

Nas cidades sedes a população pobre é despejada violentamente das proximidades dos estádios. Em Brasília foram investidos 3 trilhões de reais nas obras de infraestrutura do mega evento, enquanto um Zé Ninguém espera semanas com o corpo cheio de fraturas expostas para uma cirurgia nos hospitais públicos. Os trabalhadores usam o pior transporte público do país para morrerem anônimos em obras superfaturadas. O país inteiro ainda clama por verbas para ter uma educação decente e este evento e seus patrocinadores ignoram as necessidades básicas da esmagadora maioria da população.

Por isso a "morte" do Tatu Cola não é um ato de vandalismo é uma resposta a todo cinismo, corrupção e violência que os verdadeiros vândalos das grandes empresas e do governo impõe, com ajuda da mídia, às vozes dissonantes.

Será que as crianças querem olhar o buraco de um tatu de plástico? Aplaudir um jogo comprado que sustenta a destruição dos nossos patrimônios naturais e culturais? Nós queremos futebol, mas queremos que o esporte seja a afirmação das nossas riquezas, a alegria do POVO, e não meio de enriquecimento ilícito de poucos e arma alienação em massa.

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