Brasil de Mano revive ressentimento da era Dunga no superclássico contra a Argentina

Paulo Passos e Renan Prates

Do UOL, em Goiânia

  • Divulgação/Mowapress

    Mano Menezes assumiu o cargo deixado por Dunga após a Copa do Mundo de 2010

    Mano Menezes assumiu o cargo deixado por Dunga após a Copa do Mundo de 2010

Mano Menezes assumiu a seleção brasileira em 2010 com a missão de acabar com os resquícios da era de Dunga. Mas o que se vê neste superclássico contra a Argentina é o mesmo ressentimento do treinador sobre vaias e cobranças por resultados que tinha o seu antecessor.

Dunga sempre transpareceu nas suas atitudes e nas entrevistas que se sentia perseguido e injustiçado pela imprensa e opinião pública. Durante a Copa do Mundo, o treinador ficou marcado pelo episódio onde sussurrou xingamentos ao jornalista Alex Escobar, da TV Globo. Mano é mais ponderado, mas deixou bem claro que está descontente com o excesso de cobrança que tem sofrido.

"Faz parte do papel do técnico sim, saber suportar isso. Estar preparado para não perder a linha de conduta. Mas a condição de trabalho está um pouco demais. Temos que trabalhar para que não seja assim, todos nós. Senão vamos entender que somente o técnico vai ser capaz de fazer o time jogar", reclamou o treinador.

Mano passou por sensações distintas com o torcedor brasileiro nestes três jogos pelo país. Em São Paulo, ouviu sonoras vaias após o fraco desempenho contra a África do Sul, apesar da vitória por 1 a 0. Em Recife, a seleção brasileira aplicou um expressivo 8 a 0 contra a China e nem assim empolgou a opinião pública, que preferiu ressaltar a falta de qualidade do adversário, algo que irritou o treinador. Em Goiânia, ele foi alvo tanto de xingamentos quanto de pedidos de autógrafo e fotos.

"Estou chegando a conclusao de que ganhar de 8 a 0 é ruim. É sério. Vou pedir para ganhar só de três na próxima. Porque não vamos ter toda essa campanha de que tudo não serve", esbravejou Mano na coletiva desta terça-feira.

O ressentimento de Mano com a hostilidade da torcida foi compartilhado por alguns dos jogadores. O são-paulino Lucas pediu aos torcedores para parar de pensar nas rivalidades regionais e vibrar pela seleção, numa clara alusão aos apupos que seu companheiro de ataque, Neymar, sofreu no Morumbi, reduto do Tricolor paulista. Luis Fabiano endossou o colega e disse que não foi certo a torcida paulista ter pedido o seu nome contra a África do Sul. O Fabuloso ainda pediu respeito a quem atuou naquela partida.

O camisa 9 do São Paulo terá a sua primeria chance como titular com Mano Menezes, que cedeu a ideia inicial de não chamar os veteranos porque necessita de uma referência ofensiva no ataque, já que Leandro Damião e Pato não tem rendido o esperado. Luis Fabiano atuará ao lado de Neymar e Lucas. Corinthians e São Paulo, com três atletas cada, farão a base do time titular.

A Argentina do técnico Alejandro Sabella vem com um time enfraquecido por ter apenas jogadores que atuam no campeonato local ou no Brasileirão, motivo pelo qual os principais destaques são os atletas que atuam em terras brasileiras, como o cruzeirense Montillo, o palmeirense Barcos, o corintiano Martinez e o colorado Guiñazu.

Sabella fechou o único treino realizado pela Argentina em Goiânia, mas deve vir com uma formação bastante precavida por respeitar o adversário. "Jogaremos com cautela. O Brasil é uma equipe poderosa, vem jogando junto em amistosos. Vocês tem um jogador de 50 milhões de euros atuando no país, tem uma liga mais forte que a Argentina. Por isso, precisamos ser cautelosos".

BRASIL x ARGENTINA

Data: 19/09/2012 (quarta-feira)
Horário: 22h (de Brasília)
Local: estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO)
Árbitro: Carlos Amarilla (Paraguai)
Auxilires: Rodney Ubaldo Aquino e Carlos Santiago Caceres (ambos do Paraguai)

Brasil

Jefferson, Lucas Marques, Rever, Dedé e Fabio Santos; Ralf, Paulinho e Jadson; Lucas, Neymar e Luis Fabiano
Técnico: Mano Menezes

Argentina
Ustari, Vergini, Sebá Dominguez, Desábato, Peruzzi, Maxi Rodriguez, Ponzio (Braña), Guiñazu, Clemente Rodríguez, Martinez (Montillo) e Barcos.
Técnico: Alejandro Sabella

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