Liberdade e sigilo custaram mais de R$ 11 milhões a Teixeira e Havelange

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

  • Ana Carolina Fernandes/ Folhapress

    Ricardo Teixeira e João Havelange em evento no Rio de Janeiro (01/02/2005)

    Ricardo Teixeira e João Havelange em evento no Rio de Janeiro (01/02/2005)

Condenados por peculato, gestão desleal e enriquecimento ilícito na Justiça da Suíça, João Havelange, ex-presidente da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-número 1 da CBF, pagaram multas milionárias para conseguirem encerrar o caso e manter o processo em sigilo por quase dois anos. Os dois cartolas foram indiciados no artigo 53 do Código Penal suíço, que prevê punições para quem comete atos de corrupção em negócios privados.

Os documentos do processo foram divulgados na última quarta-feira e mostram que Teixeira desembolsou 5 milhões de francos suíços (R$ 10,4 milhões) para se ver livre das acusações. Metade foi devolvida à massa falida de ISL, empresa de marketing esportivo que pagou as propinas ao brasileiro entre 1992 e 2000. Os outros 2,5 milhões de franco suíços (R$ 5,1 milhões) foram pagos à Justiça da Suíça.

Já João Havelange, que foi condenado pelos mesmo crimes cometidos por Teixeira, conseguiu reduzir a sua multa para 500 mil francos suíços (R$ 1 milhão). Os advogados do ex-presidente da Fifa alegaram que o cartola tem bens de 5,2 milhões (R$ 10,7 milhões), além do fato dele ter 94 anos, o que  levou os promotores a aceitarem os argumentos e reduzirem a multa. 

Os pagamentos foram feitos no primeiro semestre de 2010. Na época, os cartolas tinham esperança que os documentos do processo fossem mantidos em sigilo, o que é previsto na legislação suíça. Entretanto, a pressão de juristas por mais transparência na Justiça suíça levou o Tribunal Federal da Suíça a aceitar os pedidos de divulgação do dossiê.

TEIXEIRA E HAVELANGE CONDENADOS

  • Nesta quarta-feira, o Tribunal Federal da Suíça divulgou que os nomes dos acusados por suborno no caso Fifa/ISL seriam revelados. Desde 2010, Teixeira e Havelange tentantavam manter a decisão em sigilo.

No esquema de corrupção que montaram na Fifa, Havelange e Teixeira receberam 21,94 milhões de francos suíços (R$ 45 milhões) em propinas da ISL entre os anos de 1992 e 2000. O dinheiro era pago pela empresa de marketing esportivo em troca de favores e preferência nas negociações pelos direitos de transmissão dos eventos da Fifa. Durante o período em que as propinas foram pagas, a ISL adquiriu os direitos sobre as Copas de Mundo de 2002 e 2006.

Em pagamentos de subornos, Teixeira ganhou 12,74 milhões de francos suíços, através da empresa Sanud. Outros 7,6 milhões de francos suíços foram pagos a Renford Investments Ltd, com ligação com o Teixeira e Havelange, que recebeu também 1,5 milhões de francos suíços, segundo a Justiça Suíça.

Em março de 2012, Ricardo Teixeira renunciou ao seu cargo no Comitê Executivo na Fifa e deixou as presidências da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014. Já João Havelange renunciou a cargo vitalício no Comitê Olímpico Internacional, em meio à investigação por corrupção.

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