Mega operação de segurança para final contará com quatro policiais argentinos

Jefferson Puff

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro

Quatro policiais argentinos ajudarão a vigiar os milhares de torcedores do país que já tomam as ruas do Rio de Janeiro para a grande final da Copa do Mundo, no domingo, com a Alemanha. Eles serão parte do que o governo fluminense classifica como a "maior operação de segurança" da história da cidade, com mais de 25 mil homens.

Assim como em Mundiais anteriores, policiais de outros países foram convidados para ajudar no monitoramento das torcidas. No total, foram 205 das 30 nações que disputaram a Copa, mais 45 de outros 15 países que não estavam no torneio.

Em geral, assim como no caso dos argentinos, três ficaram lotados no Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), em Brasília, e quatro foram deslocados junto com as torcidas, com acesso aos estádios.

"Pedimos aos países que enviassem agentes com dois perfis específicos. Um de inteligência e monitoramento, para ficar no centro em Brasília, e outro com experiência em futebol, e idealmente até contatos prévios com as lideranças das torcidas, para irem aos estádios", disse à BBC Brasil o delegado da Polícia Federal Luiz Eduardo Navajas, que além de coordenar o trabalho do CCPI durante a Copa é chefe da Interpol no Brasil.

Ele diz que em muitos casos os policiais foram reconhecidos pelos líderes das torcidas e que isso ajudou muito no trabalho. "Alguns já iam cumprimentando, já se conhecem há muito tempo. Isso causa um impacto. O torcedor logo se dá conta de que poderá ser punido também no seu país", explica Navajas.

A atuação dos policiais argentinos foi essencial para a prisão e deportação sumária de um dos líderes barras-bravas, a torcida mais violenta do país, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. No Rio, eles terão a missão de ajudar a monitorar os mais de 70 mil argentinos aguardados pela Prefeitura até o domingo na cidade.

Cientes dos desafios de segurança da final, as autoridades previram um esquema com homens da Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, polícias Civil, Militar e Federal, além das Forças Armadas e agentes de inteligência.

No total serão mais de 25.787 homens, e de acordo com o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, a operação atinge seu ponto máximo a partir das 23h deste sábado, e só termina conforme as circunstâncias após o jogo permitirem.

Preocupações

Entre as maiores preocupações do governo estão brigas e distúrbios entre torcedores, consumo de álcool dentro dos estádios e até o terrorismo.

A chance de grandes protestos marcados para coincidir com a final também elevou a preocupação das autoridades. Na manhã deste sábado, 19 pessoas foram presas no Rio de Janeiro após mandados de prisão temporária, que possibilitam cinco dias de detenção, terem sido expedidos pela 27ª Vara Criminal da Capital.

De acordo com a Polícia Civil, todos os detidos eram investigados por "atos de vandalismo nas manifestações de junho do ano passado". A ativista Sininho foi presa na casa do namorado, em Porto Alegre, e há informações ainda não confirmadas de que o total de mandados expedidos contra pessoas ligadas às manifestações chegaria a 60 em todo o país.

Milhares de torcedores argentinos e alemães, um grande fluxo de outros estrangeiros e brasileiros de outros Estados devem passar pelo Rio no fim de semana. Além disso, a presidente Dilma Rousseff recebe nove chefes de Estado para um almoço no Palácio Guanabara no domingo.

De lá, todas as comitivas seguem para o Maracanã, onde assistirão à partida. Para o deslocamento, estão previstos helicópteros para a vigilância aérea, batedores, e todo o aparato previsto no protocolo internacional de segurança a líderes de governos estrangeiros.

"Temos, no Rio, a partir deste sábado, a maior operação de segurança que a cidade, talvez o país, já tenha visto", disse Beltrame.

Ao todo o esquema prevê 14.984 homens da Polícia Militar, mil homens da Policia Federal, 800 da Força Nacional, 800 da Polícia Rodoviária Federal, 1.750 bombeiros, 1.032 Guardas Municipais, 505 Policiais Civis e 600 homens da CET-Rio, além de 9.300 das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica).

Vinte e cinco embarcações da Marinha também farão a vigilância da costa.

Bebidas alcoólicas

No em torno do Maracanã, além do forte esquema de segurança para tentar impedir invasões e a prática do cambismo, os bares serão fechados duas horas antes da partida, e a Fifa deve "retardar" o início da venda de bebidas dentro do estádio, a pedido das autoridades de segurança.

Para o coronel Wanius de Amorim, superintendente para Grandes Eventos da Secretaria Estadual de Defesa Civil do Rio de Janeiro, a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios (proibida pelo Estatuto do Torcedor, mas liberada durante a Copa do Mundo de acordo com as exigências da Fifa) é motivo de preocupação já que muitos torcedores poderão deixar o estádio embriagados após a partida.

"No ano passado, num amistoso entre Brasil e Inglaterra, fizemos 57 atendimentos por uso excessivo de álcool dentro do estádio. No jogo entre Uruguai e Colômbia, na Copa, o número subiu para 880, com a mesma média de público, de 70 mil pessoas", explica Amorim.

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