A eliminação da Itália foi um choque, mas não uma grande surpresa para os italianos, que não acreditavam muito no time do técnico Cesare Prandelli.

Depois da vitória contra a Inglaterra, mesmo antes da derrota contra a Costa Rica, já era difícil encontrar um italiano que dissesse, cheio de convicção, que sua seleção chegaria a ser campeã do Mundo. Desde o início do torneio, jornais e torcedores diziam que a "Squadra Azzurra" não era favorita.

Esse ceticismo foi confirmado nesta terça-feira de manhã, horas antes da partida contra o Uruguai. A manchete do principal jornal esportivo do país, a Gazzetta dello Sport, já mostrava uma certa preocupação: "Não, para casa não!"

Sim, a Itália volta para casa sim, para infelicidade dos torcedores. Na imprensa italiana, a repercussão imediata do jogo foi de tristeza. Jornais lamentam o ocorrido, mas também disparam críticas para todos os lados.

No canal de TV Rai1, Prandelli chegou a por a culpa da má performance do time no fato que a Itália foi o único time do grupo a jogar duas vezes à uma da tarde, horário mais quente.

Detalhe: a Costa Rica, líder do grupo, também jogou duas partidas nesse horário. O técnico, o centroavante Mario Balotelli e principalmente o árbitro Marco Rodriguez, que expulsou um jogador italiano, são agora o alvo da imprensa.

A Gazzetta dello Sport ressalta a má atuação do juiz, que teria expulso injustamente Claudio Marchisio e não viu uma suposta "mordida" do centroavante uruguaio Luis Suárez no italiano Giorgio Chiellini. O jornal Tuttosport avalia que Balotelli teve uma presença "apagada" em campo, marcada por nervosismo.

A escalação como titular de Balotelli, conhecido por seu comportamento agressivo dentro de campo - que já o levou a várias expulsões -, foi uma das maiores polêmicas em torno deste time italiano. No fim, Balotelli se revelou calmo demais dentro do campo. Na partida contra o Uruguai, o jogador ficou no banco de reservas no segundo tempo.

A derrota para o Uruguai pode ter sido a última partida em uma Copa do Mundo para muitos jogadores italianos, entre eles o capitão Andrea Pirlo, de 35 anos. A "Squadra Azzurra" vai ter que passar por uma renovação, apontam os analistas.

O jornal La Repubblica resume: "uma Itália feia volta para casa". Voltaram tristes para casa também as milhares de pessoas que viram os jogos em "fan fests" em toda a Itália.

Em Milão, no norte do país, uma chuva torrencial começou poucos minutos depois do fim do jogo, espalhando os torcedores que viam a partida em um telão no centro da cidade. "Melhor assim", disse um torcedor frustrado.