Copa pode ser 'tanto a pior como a melhor', diz jornal britânico

Da BBC

A Copa do Mundo no Brasil será aberta nesta quinta-feira em meio a incertezas e pode, na opinião de um dos mais importantes jornais britânicos, tanto ser um sucesso como um desastre.

"Esta Copa tem o potencial para ser tanto a maior como a pior da história do esporte", diz o The Guardian em texto na capa de sua edição desta quinta-feira, intitulada "Pronto ou não, chegou a hora de o Brasil mostrar ao mundo (sic)".

"O maior, mais caro e possivelmente mais polêmico torneio na história do esporte na história do esporte vai começar hoje [quinta-feira] no estádio Itaquerão com uma cerimônia cheia de estrelas e uma partida entre o país-sede e a Croácia. Mas nem tudo está bem na família do futebol.", diz o texto.

O The Guardian afirma que nem a presidente brasileira, Dilma Rousseff, nem o presidente da Fifa, Sepp Blatter, farão discursos na abertura da Copa, temendo vaias.

A reportagem diz que enquanto as atenções do mundo estiverem focadas nas apresentações de estrelas como Pitbull e Jennifer Lopez ou no desempenho de astros como Neymar, Paulinho, Hulk e Fred na Arena Corinthians, "nas ruas, manifestantes planejam entoar uma mensagem discordante sobre desigualdade, remoções forçadas e os gastos excessivos de US$ 11,5 bilhões".

O jornal descreve o país como a nação "mais obcecada com futebol no planeta", mas ressalta que "este torneio tem um significado político mais pesado do que o normal, por acontecer em meio a uma crise de confiança na forma como tanto o Brasil como o futebol mundial são administrados."

Os escândalos envolvendo a Fifa - de pagamento de propina a dirigentes na escolha do Catar como sede do Mundial de 2022 - também repercutem na imprensa mundial.

O jornal britânico Financial Times destaca o que chama de "Paradoxo Fifa": o fato de que "um dos maiores desastres de governança" do mundo é capaz também de organizar de forma eficiente o maior espetáculo esportivo do planeta.

Dentro de campo

O jornal americano New York Times destaca o lado futebolístico em seu texto sobre a Copa do Mundo, falando que "o peso do mundo está sobre [a seleção do] Brasil" e apontando a equipe de Luiz Felipe Scolari como favorita.

"E dentro desta hierarquia, enquanto a Espanha é a campeã mundial atual, o Brasil segue sendo o time a ser batido."
As pressões sobre a seleção brasileira são grandes, para o jornal americano.

"O Brasil, cuja história no pós-Guerra é medida por cinco títulos de Copa do Mundo, não tem alternativa senão vencer o torneio."

Na Espanha, terra da atual campeã mundial, a imprensa nacional aponta a Espanha e o Brasil como seleções favoritas nesta Copa. Com o título "Fúria brasileira diante do samba espanhol", o jornal El País afirma que o Mundial medirá os estilos dos dois principais aspirantes. "O Brasil é o arquivo do tesouro do futebol, a apoteose", define o diário.

Reportagens dos principais jornais espanhóis lembram a derrota do Brasil na Copa de 1950, o chamado "Maracanazo", que, na análise do El País, é "um pesadelo que hoje seria ainda mais insuportável para os anfitriões". De acordo com diário ABC, a seleção brasileira tem sua melhor possibilidade de revanche.

Alguns jornais seguem a tendência verificada nos últimos dias e registram o clima de tensão social no país-sede do torneio.

"Um Brasil em evolução dentro e fora do estádio já vive a Copa", assinala o jornal catalão Ara. A reportagem destaca que Espanha defende o título em um encontro que começa entre protestos.

Na Argentina, o destaque da imprensa no dia de abertura da Copa foi a invasão de torcedores brasileiros e estrangeiros ao campo onde a seleção argentina treinava, em Belo Horizonte. Grande destaque foi dado ao brasileiro Robinson Oliveira, de 23 anos, que ganha a vida como sósia de Ronaldinho Gaúcho.

Oliveira conseguiu invadir o gramado e apertar a mão de Lionel Messi, arrancando risadas do craque argentino. O jornal La Nación fez uma reportagem só sobre Oliveira com o título "Quem é o falso Ronaldinho que entrou em campo e fez reverência a Lionel Messi".

Em uma dos textos de maior destaque no seu portal na internet, o La Nación elencou as chances das seleções na Copa: os favoritos ao título (Brasil, Alemanha e Espanha), os que vieram para roubar a cena (Argentina, Itália, Uruguai e Holanda), os que vieram para surpreender (Bélgica, Colômbia, Chile e Portugal), os que vieram para reencontrar seu futebol (Inglaterra, França, Camarões, Costa do Marfim, México e Rússia), o que vieram para atrapalhar a vida dos demais (Equador, Bósnia, Suíça, Estados Unidos, Croácia, Gana, Coreia do Sul e Japão) e os que vieram a passeio (Irã, Honduras, Nigéria, Costa Rica, Grécia, Austrália e Argélia). 

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