Nuno Veiga/EFE

Marcus Túlio Tanaka foi um dos destaques da seleção japonesa na Copa do Mundo

05/07/2010 - 09h03

Emoção na Copa causa "mal súbito" a pai, mobiliza cidade e traz Tanaka ao Brasil

Luiza Oliveira
Em São Paulo

O nipo-brasileiro Marcus Túlio Tanaka sempre sonhou em proporcionar alegria e emoção à família, mas não esperava exagerar na dose. O bom desempenho do zagueiro e da seleção japonesa na Copa do Mundo causou foi susto aos Tanaka de Palmeira D’Oeste-SP. Seu pai Paulo sofreu um “mal súbito” e chegou a ficar internado por cinco dias por causa do stress e do envolvimento com o Mundial.

O incidente teve até o lado bom e obrigou Marcus Túlio a mudar sua programação. Sem férias após a eliminação do Japão, já que o Campeonato Japonês recomeça no meio de julho, ele pediu permissão para passar alguns dias com o pai e chegou na última sexta-feira à pequena cidade a 600km de São Paulo.

MOMENTOS DE TANAKA NA COPA-2010

  • AP Photo/Keystone

    No período pré-Copa, Tanaka criou polêmica ao fazer a falta que causou a lesão de Didier Drogba

  • AP Photo/Hassan Ammar

    Nipo-brasileiro desembarca em Johanesburgo, na África do Sul, para a disputa da Copa do Mundo

  • AP Photo/Michael Sohn

    Tanaka se esforça pela classificação e se choca com o companheiro, o goleiro Eiji Kawashima

  • AP Photo/Michael Sohn

    Deitado no gramado, Tanaka lamenta eliminação do Japão para o Paraguai nas oitavas de final

Paulo havia ficado no Brasil, enquanto a esposa e a filha Luana viajaram para ver o jogador de perto na África. Os sintomas apareceram aos poucos, se manifestando como um mal-estar durante os jogos e na dificuldade para dormir durante a noite. Até eclodir em uma forte crise que resultou em cinco dias no hospital. “Fiquei meio descoordenado”, brincou.

Tanaka, o pai, espera o resultado da bateria de exames e por isso ainda não tem um diagnóstico. Mas mesmo com a recomendação de repouso e a proibição de ver os jogos, não resistiu à tentação e pediu uma "colher de chá" aos médicos para acompanhar o filho nas oitavas de final contra o Paraguai. “Olhava de vez em quando por uma brecha. Não tinha como não ver.”

O coração do advogado de 57 anos teve mesmo motivos para titubear. Durante a Copa, a seleção japonesa fez um teste cardiológico em seus torcedores com um ataque de deixar os nervos à flor da pele, apesar da eficiência defensiva. Nas oitavas de final, ficou no 0 a 0 com o Paraguai até o fim da prorrogação e decidiu a vaga nos pênaltis. Acabou eliminada após Komano acertar o travessão e cair em lágrimas.

Os aspectos extracampo também tiveram boa parcela de contribuição. A vida pacata na cidade de pouco mais de 10 mil habitantes se transformou de repente. O bom desempenho do zagueiro no Mundial atraiu a imprensa de todo mundo e principalmente a brasileira, que antes passava despercebida. O excesso de informações, as mais de 40 entrevistas concedidas e até as críticas à seleção japonesa o atingiram.

“Foram acumulando várias coisas. É uma carga muito grande nos jogos e uma emoção muito forte. A torcida já é estressante, tem a preocupação de a família toda estar lá, a preocupação com ele, que corre o risco de se machucar em qualquer lance. São as notícias que vão chegando, o placar que está negativo, todos falando que o Japão não tinha chance...”, explicou por telefone ao UOL Esporte, logo após atender jornalistas de uma revista japonesa em sua casa.

“Já perdi a conta de quantas entrevistas dei. Passaram de 40, 50. Vem jornalista aqui em casa o tempo inteiro. Todo jogo vem canal japonês. Só que eu lembre de TV brasileira teve Band, ESPN, SBT, Record... E ainda tem as ligações e visitas dos amigos e parentes.”

Não foi só a vida da família, mas de toda a cidade que mudou. Para Paulo, a participação do filho na Copa causou a maior mobilização ‘já vista’ em Palmeira D’Oeste, bem maior se comparada às partidas do Brasil. “Em jogo do Japão eram 200 pessoas reunidas, do Brasil no máximo 50. Fizeram uma carreata que nunca vi igual. Foi um oba-oba e uma corrente muito forte. Mas ele merece”, derrete-se o coruja.

A presença de Marcus Túlio é rara em casa, já que ele vem ao Brasil cerca de uma vez por ano. Nessas horas, o pai prefere apenas aproveitar a companhia e não entrar em detalhes sobre a vida profissional. Por isso, não gosta de falar sobre o futuro ou até da namorada Ariane Cerqueira, curiosamente, sobrinha do atacante do São Paulo Washington.

“Não entro nessa parte. Só acho que ele deve ter proposta da Europa. Meu filho tem muito caráter, é trabalhador e merece o melhor. Vou sempre torcer por isso. Quanto à vida sentimental, também não sei. Conheci essa menina uma vez. Se ele optou por estar com ela, que seja feliz.”
 

Compartilhe:

    Siga UOL Copa do Mundo

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host