14/06/2010 - 15h48

Para estilistas do SPFW, Maradona "é péssimo" e Dunga "está equivocado"

Flavia Perin
Em São Paulo

DE OLHO NOS ESPORTES

  • Julia Moraes/Folha Imagem

    Marcelo Sommer lançou camisa inspirada na Copa da África

  • João Wainer/Folha Imagem

    Diretor criativo da Cavalera, Hiar já produziu desfile no Pacaembu

 

Copa do Mundo e São Paulo Fashion Week podem parecer universos distantes, mas basta estar numa única apresentação do evento de moda para notar como os dois temas estão ligados. Estilistas e fashionistas não interromperam seus trabalhos para assistir aos jogos, mas não deixam de reparar nos uniformes das seleções e, por que não, como estão os modelitos usados por jogadores e técnicos.

Maradona e Dunga foram alguns dos nomes mais lembrados durante os desfiles. O estilista Marcelo Sommer, por exemplo, fez sua crítica discreta às roupas de Dunga: “Acho um pouco equivocadas.”

Autor do "Almanaque da Moda Masculina", Lula Rodrigues foi conferir a coleção de Sommer e, logo após o desfile, definiu o estilo de Maradona como péssimo. “Ele é péssimo! Me dá nevralgia!”

E Dunga? “Ah, o Maradona teria de nascer de novo, mas o Dunga tem jeito... É só uma questão de ser bem assessorado.” Ele completa, referindo-se às críticas feitas ao técnico brasileiro: “As pessoas o pegaram como bode expiatório, assim como tempos atrás ‘xoxavam’ o Silvio Santos, o Faustão...”

“Um terno Ricardo Almeida e pronto. Com dois botões, por favor”, sugere Lula Rodrigues a Dunga, num momento “fica a dica”.

Futebol inspira

Um dos estilistas da Temporada Verão 2011 da SPFW, Marcelo Sommer criou uma camisa inspirada na Copa da África do Sul; e, se consideradas outras modalidades, seu currículo inclui

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desenhos para as marcas esportivas Rainha (o modelo de tênis Rainha Volley), Le Coq Sportiff e Nike.

Sua grife Do Estilista apresentou uma coleção baseada em elementos de sua memória afetiva e do estilo western. Corintiano, ele diz considerar o uniforme da seleção brasileira “bonito”, mas aponta como suas preferidas as camisas dos times da Argentina e da Croácia (a estampa xadrez de vermelho e branco rende certa polêmica ao país europeu, que não faz parte da Copa 2010). “Na última vez em que falei que gostava da camisa argentina fui parar no Jornal Nacional.”

ESTILISTAS EM CAMPO

  • Reprodução

    Croácia não está na Copa, mas Sommer ama a velha camisa

  • Reprodução

    Camisa 3 do Vasco da Gama, criação da Cavalera e da Penalty

  • Reprodução

    A grife de Alberto Hiar também fez o terceiro uniforme da Portuguesa

Outra grife de moda que compôs esta edição do SP Fashion Week, com desfile apresentado na sexta-feira, a Cavalera está mais além nas conexões com o futebol. Já transformou as arquibancadas do Pacaembu em passarela e desenvolveu, em parceria com a Penalty, as camisas nº 3 do Vasco da Gama e da Portuguesa.

Diretor criativo da Cavalera, Alberto Hiar contou, momentos antes do desfile do colega, que na infância atuou como 4º zagueiro de uma equipe de fraldinhas. “Jogávamos num campo de várzea próximo a Heliópolis”, disse Hiar, o “Turco Loco”, torcedor do Corinthians como Marcelo Sommer.

Apesar de corintiano, o diretor criativo não esconde sua opinião a respeito do uniforme de seu time, em especial da camisa roxa. “É horrível, péssima, desonra o Timão”, lamenta.

Entre as seleções prediletas pelo visual, Hiar aponta os países africanos. “São lindas, eu adoro, e existe uma grande história por trás.”

E o verde e amarelo?

Hiar considera a camisa do Brasil “mais tecnológica do que bonita”. “Tem uma coisa de respeitar, mas prefiro a camisa azul à verde e amarela, e acho que há detalhes que poderiam ser aplicados, mais bem explorados, como as estrelas.”

Otimista em relação ao trabalho de Dunga e ao desempenho do Brasil na Copa (“Vamos ganhar!”), ele ressalta: “Amaria fazer um modelo para a seleção brasileira.”

Quanto ao modo de se vestir do técnico brasileiro, Hiar é enfático: “Ainda bem que a filha dele parou de vesti-lo. Ele podia usar um terno, um Ricardo Almeida, que ainda por cima é brasileiro.”

Para ele, os jogadores de futebol necessitam mais dos cuidados de cabeleireiros do que de estilistas. “Nota zero para o cabelo do Cristiano Ronaldo.”

Um modelo a ser seguido? “Beckham.”

O craque inglês também é o eleito de Lula Rodrigues, que ainda destaca o brasileiro Raí, já incluído em listas de jogadores mais elegantes. Para assistir ao desfile de Sommer, o fashionista vestia chuteiras inspiradas nas cores da seleção da Alemanha e desenhadas pelo designer japonês Yohji Yamamoto, da grife Y3.

De acordo com ele, seus sapatos dourados com detalhes em preto e vermelho são a prova de que o futebol transpõe o campo e cria tendências. Rodrigues vê o esporte como um grande laboratório para a moda, que desenvolve modelos esportivos com “tecnologia da NASA”.

“É o esporte como referência mundial de moda e como segmento de luxo”, afirma.

 

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