Engana-se quem pensa que a Coreia do Norte teme o Brasil. O respeito existe, mas o treinador Kim Jong Hun fala grosso ao comentar as chances de seus comandados. E aposta na força mental de sua equipe para surpreender.
"Vamos mostrar para o povo da Coreia do Norte que somos mentalmente muito fortes, eles vão se orgulhar. O Brasil é uma das seleções favoritas ao título, mas em termos mentais estamos muito aptos para encarar os brasileiros", disse.
Na entrevista coletiva oficial da Coreia do Norte nesta segunda-feira, véspera da estreia da equipe na Copa do Mundo contra o Brasil, o representante da Fifa que mediou a bancada avisou: perguntas relacionadas à política seriam sumariamente vetadas no papo com o técnico Kim Jong Hun. Mesmo assim, a conversa no estádio Ellis Park teve conotação ideológica no discurso do treinador, que prometeu a vitória sobre os favoritos brasileiros ao ditador de seu país.
Apesar da intenção da Fifa de tirar da entrevista o interesse pelo cenário político único da Coreia do Norte, um dos países mais fechados e controversos do mundo, o técnico colocou uma dose de ideologia em todas as respostas no contato com os jornalistas, o primeiro desde a chegada à África do Sul.
De cara, Kim Jong Hun pediu para que seu país fosse tratado na coletiva como República Democrática Popular da Coreia, e não como Coreia do Norte. Em seguida, fez três menções ao ditador Kim Jong-il, afirmando em todas elas que a vitória contra os brasileiros na primeira rodada do grupo G será oferecida ao líder do país.
"Temos jogadores qualificados, tão talentosos quanto os de qualquer outra seleção do mundo. Vamos fazer de tudo para alegrar o nosso povo. Estamos aptos a encarar o Brasil e jogar pela vitória para deixar orgulhoso o nosso líder Kim Jong-il", afirmou o treinador norte-coreano.
Durante a entrevista, o mediador da Fifa cumpriu a promessa do início da sessão e barrou uma pergunta de um jornalista espanhol sobre uma possível interferência do ditador Kim Jong-il na escalação do time titular.
Ao final da coletiva, questionado sobre a política de treinos fechados à imprensa na África do Sul, o técnico passou a palavra ao mediador da Fifa, que respondeu que a decisão não tinha nada a ver com política e que a delegação norte-coreana vem cooperando com os protocolos oficiais da Copa do Mundo.
A Coreia do Norte é um estado unipartidário, governado há 36 anos por Kim Jong-il, filho de um antigo ditador do país. Em 2009, o líder escolheu seu filho como futuro sucessor, o que tornará o país praticamente em uma monarquia comunista.
Em 2002, o país asiático foi rotulado pelo ex-presidente dos EUA George W. Bush como membro do "Eixo do Mal", em razão de sua política nuclear e de suas supostas relações com o terrorismo. Seis anos mais tarde, a Coreia do Norte deixou a lista norte-americana de nações que patrocinavam o terror.
A entrada de estrangeiros na Coreia do Norte é bastante restrita, com normas de seleção severas, em política que afeta as relações diplomáticas. A maioria das embaixadas conectadas com laços diplomáticos ao país está situada em Pequim, na China, e não na capital Pyongyang.
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