Decepções da Copa da África vivem preparação conturbada para Mundial

A Copa da África rendeu mais do que campanhas decepcionantes das maiores seleções do continente. A competição, conquistada pelo Egito, que não estará no Mundial-2010, marcou o fim do trabalho de dois treinadores. Mesmo em cima da Copa do Mundo, os dirigentes de Nigéria e Costa do Marfim optaram por uma mudança radical e conturbaram ainda mais a preparação das equipes para o torneio que será disputado na África do Sul.

Das seis equipes africanas classificadas ao Mundial [África do Sul, Costa do Marfim, Gana, Camarões, Nigéria e Argélia], apenas os Bafana-Bafana não foram ao torneio disputado em Angola. As demais competiram em uma espécie de teste para a Copa e fizeram muito pouco, longe das expectativas que despertavam. Somente Gana mostrou potencial e chegou à final – em jogo que perdeu o título para o Egito, por 1 a 0.

A Nigéria terminou a competição na terceira colocação, mas a campanha não salvou o cargo de Shaibu Amodu. Esta foi a segunda vez que o treinador foi demitido às vésperas de uma Copa do Mundo. Ele havia sido dispensado em 2002, também após ser terceiro colocado na Copa da África daquele ano. Apontada como a mais forte seleção da África, a Costa do Marfim teve um resultado ainda pior. O time do astro Didier Drogba foi eliminado nas quartas de final.

Agora é hora das mudanças. E elas irão afetar o planejamento traçado para essas duas seleções às vésperas da Copa. A Nigéria saiu na frente e contratou Lars Lagerback, com longa experiência no comando da seleção sueca. O treinador, de 61 anos, assinou contrato de cinco meses, somente para liderar os Super Águias na Copa. O sueco já fez a sua estreia e conseguiu boa vitória sobre o Congo (5 a 2) em amistoso disputado nesta quarta-feira.

A decisão de mudar tudo com um curto período para o início da Copa do Mundo gerou críticas na Nigéria, mas Lagerback diz ter tempo para mudar detalhes importantes na equipe para ter chances de classificação em um grupo que conta com Argentina, Coreia do Sul e Grécia. “Tempo é um problema. Mas a Nigéria tem bons destaques individuais. Sei que a equipe precisa ser organizada, disciplinada. Se trabalharmos com técnica e organização, acredito que teremos boas chances”, comentou o sueco.

A Costa do Marfim, adversária do Brasil na primeira fase, tem ainda mais problemas para resolver. Os Elefantes demitiram Vahid Halilhodzic e correm contra o tempo para anunciar o novo treinador. Especulações apontam que Guus Hiddink está “praticamente contratado”. O holandês já tem contrato para comandar a Turquia após o Mundial, mas pode assumir outra equipe durante o torneio da Fifa.

“Eu tenho a chance de dirigir a Costa do Marfim. Drogba me pediu em nome dos jogadores. A federação de futebol do país tem o mesmo desejo”, disse Hiddink, que trabalhou com a estrela da seleção africana no Chelsea. “Preciso resolver algumas coisas, passo a passo, antes de tomar uma decisão”. Enquanto não há confirmação sobre o novo nome, os problemas da Costa do Marfim se sucedem.

A seleção somou mais um resultado ruim. Em amistoso contra a Coreia do Sul, a Costa do Marfim sofreu derrota por 2 a 0 em partida disputada na Inglaterra nesta quarta-feira. Caso seja confirmado, Hiddink terá trabalho para confirmar a fama dos Elefantes como a equipe mais forte do continente africano. Isso porque o time não terá vida fácil na primeira fase da Copa, em que enfrentará Brasil, Portugal e Coreia do Norte.