Fachada do Soccer City lembra recipiente sul-africano e é um verdadeiro mosaico ‘vazado’
Operários ainda trabalham para ampliar dimensão lateral do gramado, que receberá 2º jogo do Brasil
Na área central do estádio, assentos ainda não estão totalmente instalados e recebem atenção
O Soccer City é o maior estádio da Copa de 2010. Receberá a abertura, a final e outras seis partidas, entre elas Brasil x Costa do Marfim, pela segunda rodada do grupo G. Mas enquanto as obras não terminam e os portões não são abertos, o principal palco do Mundial serve de atração turística. Operários conduzem visitas informais e lucrativas.
A Safa (Associação do Futebol Sul-Africano) controla o acesso ao Soccer City. Ou pelo menos deveria. Na prática, os trabalhadores que ajudaram a levantar o imponente estádio para mais de 90 mil pessoas comandam um sistema de turismo paralelo. E bastante organizado.
O <B>UOL Esporte</b> conheceu o método. A proposta foi feita por um dos operários que ouviu a conversa da reportagem com o responsável pelo acesso. Simpático, Andrew perguntou sobre o interesse em conferir a área interna do Soccer City. Ao saber da resposta positiva, ele explicou, discretamente.
“Se vocês voltarem aqui amanhã, por volta das 16h, consigo colocá-los para dentro do estádio. Anotem meu número e me liguem no começo da tarde. Aí eu explico tudo”, avisou Andrew. No dia seguinte, durante a ligação, o operário deu sinal verde para a visita e pediu pontualidade.
No encontro marcado no estacionamento, Andrew mandou o amigo Pierce. “Isso vai custar 200 rands [cerca de R$ 50], tudo bem?”, indaga o amigo. Ambos trabalham com a segurança dos operários na construção. Eles possuem blocos com autorizações em branco da federação sul-africana.
Pierce deu todas as instruções. “Vocês colocam seus dados nesse papel. Se na entrada alguém perguntar onde conseguiram a autorização, digam que foi no escritório da federação em Johanesburgo. A única coisa importante é lembrar de dizer isso”, reforçou.
Não foi preciso. O responsável pelo acesso se contentou com o papel e autorizou a entrada da reportagem. Pierce, então, buscou os coletes de segurança, os capacetes e iniciou o tour. “Precisaremos ser rápidos, mas posso levá-los até o nível mais alto da arquibancada para vocês verem o campo e tirarem fotos.”
As obras no Soccer City ainda estão em andamento. Os camarotes e setores especiais são os locais mais atrasados. O acabamento também é precário em alguns lugares. Há ferramentas, pedaços de ferro e restos de material de construção espalhados pela estrutura do estádio. Já os telões estão devidamente instalados.
O gramado também está plantado, mas tratores trabalham para aumentar o campo. A dimensão lateral está sendo ampliada. Mesmo assim, o estádio impressiona. Na fachada que remete a um tradicional recipiente sul-africano, o mosaico com partes vazadas cria um jogo de luzes de acordo com a posição do sol. À noite, o efeito é criado pela iluminação interna.
A visita durou pouco mais de 20 minutos. No caminho para a saída, Pierce trocou diversos telefonemas com Andrew para evitar problemas no fim do “passeio”. Ele explica que não acompanhará a reportagem nos últimos metros de caminhada. Precisa evitar o encontro com seguranças. Quando Andrew dá o sinal de positivo, o tour é encerrado tanquilamente. Nessa hora, muitos operários estão indo embora.
No estacionamento, dez minutos depois, a dupla de “guias” cobra e recebe os 200 rands. O valor obtido em 20 minutos equivale a 12 horas de trabalho, segundo o reajuste dado após a greve feita no segundo semestre deste ano. Os operários preferem não revelar quanto já conseguiram lucrar com o turismo paralelo, mas asseguram que a renda extra é boa. O Soccer City deve ser inaugurado em maio, mas muitas visitas acontecerão até lá. Formais ou não.
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