Johan Cruyff

Ele foi um dos maiores jogadores europeus de todos os tempos. Chutava com as duas pernas e passava por todas as partes do campo, atacando, defendendo e marcando gols. Foi o motor do famoso “carrossel holandês”, que encantou o mundo na Copa do Mundo de 1974. Mas a infância dele foi cercada de limitações.

Até os dez anos de idade, ele mal podia andar. Devido a um defeito de formação nos pés, passou a infância preso a aparelhos ortopédicos. A vida do pequeno Cruyff começou a mudar quando sua mãe, viúva, foi trabalhar no Ajax como faxineira. Ela teve a brilhante ideia de colocar o menino nas categorias de base do clube, para fortalecer as pernas jogando futebol.

Nascia ali um fenômeno do futebol. Na sua época, Cruyff era maior que todo mundo. Ninguém via o jogo como ele. Rápido, preciso, driblador, bom no arremate e com um único objetivo: o gol adversário. Assinou seu primeiro contrato profissional aos 16 anos, pelo Ajax. Aos 19, já estava na seleção holandesa. Estreou contra a Hungria, marcando o gol de empate aos 48 minutos do segundo tempo.

Rinus Michels, técnico do Ajax, foi o que melhor soube aproveitar as características de Cruyff. Fez com que todos os jogadores atuassem como o capitão, exercendo diversas funções em rodízio dentro campo. Foi uma revolução tática no futebol, que transformou o Ajax no maior clube da Europa.

Essa filosofia de futebol total foi levada à seleção da Holanda por Michels, que conduziu a equipe à final da Copa do Mundo de 1974. Aliás, a derrota na Copa é a única frustração da carreira de Cruyff. Em 1978, a Holanda seria vice de novo, mas ele não estava no time. Brigou com os dirigentes por causa de dinheiro e não disputou o Mundial na Argentina.

Antes disso, no entanto, Cruyff havia se transferido para o Barcelona, da Espanha. Venceu um Campeonato Espanhol (1974) e ganhou mais duas Bolas de Ouro como o melhor jogador da Europa, em 1973 e 1974 (a primeira Bola de Ouro conquistada por Cruyff veio na época em que ele ainda atuava pelo Ajax, em 1971).

Cansado da perseguição dos sanguinários zagueiros espanhois, partiu para os Estados Unidos em 1978. Ficou lá durante dois anos e, depois de uma pequena escala na Espanha, voltou para a Holanda. Aos 37 anos, foi apontado como o melhor jogador do país e se aposentou por cima.

Começou, então, a carreira de técnico e repetiu a de jogador. Campeão holandês pelo Ajax, foi comandar o Barcelona. Com a equipe espanhola, faturou dois títulos espanhois, uma Copa do Rei e uma Copa dos Campeões da Europa. Dirigiu o clube por nove anos e brigou com craques como Romário e Stoichkov. Um enfarte lhe custou duas pontes de safena e o abandono definitivo dos gramados. Passou a cuidar dos negócios e a comentar jogos esporadicamente.