Mundial sub-20

• Classificação e jogos

Sobrevivente da comissão técnica que foi varrida por José Maria Marin e Marco Polo Del Nero após a Copa do Mundo, o atual coordenador da CBF para as categorias de base, Alexandre Gallo, ganhou carta branca de seus superiores para ampliar o espaço para jogadores jovens na seleção brasileira principal, visando dar experiência para que eles estejam prontos para a disputa de competições como os Jogos Olímpicos do Rio-2016 e a Copa do Mundo da Rússia-2018. Pelo histórico dos atletas que já disputaram competições de novatos representando o Brasil, porém, o resultado da renovação não aparece de uma hora para outra.

Último e mais importante campeonato de jovens jogadores antes da Copa do Mundo da Fifa, o Mundial sub-20, disputado pela primeira vez em 1977 e realizado a cada dois anos, já revelou grandes nomes do futebol brasileiro. Neste período, o Brasil, segundo maior  vencedor da competição (cinco títulos, um a menos que a Argentina), só ficou de fora em duas edições: 1979 e 2013. Nas outras 17 oportunidades, foram convocados 321 jogadores.

E é aí que reside o risco de apostar em uma maturação acelerada de quem ainda não fez a transição de maneira sólida para a seleção principal. Porque desses 321 convocados para o Mundial sub-20, 36 acabaram jogando uma Copa do Mundo, sendo que apenas sete deles (21,8%) jogaram a Copa imediatamente após terem participado de um Mundial sub-20: Silas e Muller, em 1986, Bismarck, em 1990, Denílson, em 1998, Kaká e Ronaldinho Gaúcho, em 2002, e Oscar, em 2014.

O meia Silas e o atacante Muller, então revelados pelo São Paulo, foram destaques do Mundial sub-20 de 1985 (o primeiro foi eleito o melhor do torneio, disputado na então União Soviética e vencido pela seleção brasileira). No ano seguinte, a dupla ganhou espaço na lista de convocados de Telê Santana. Diferentemente de Taffarel , goleiro do time e que só iria a sua primeira de suas três Copas em 1990, na Itália (mas que esteve na Olimpíada de 1988).

O meia Bismarck, que esteve em duas edições do principal torneio para jogadores de até 20 anos, foi uma das surpresas da lista de Sebastião Lazaroni na Copa de 1990. Em 1987, ele teve as companhias do zagueiro André Cruz e do volante César Sampaio, que só iriam para uma Copa em 1998. Dois anos depois, o jogador do Vasco era companheiro do lateral-esquerdo Leonardo, que iria em 1994, e do goleiro Carlos Germano, que só teria uma oportunidade para jogar a mais importante competição do futebol mundial em 1998.

Já Denílson, destaque precoce das categorias do São Paulo, jogou o Mundial de 1995, no Catar, quando o Brasil perdeu para a Argentina na decisão. Na Copa de 1998, entretanto, só ele estava na lista de Zagallo. Diferentemente do atacante Luizão, que só teria chance de disputar uma Copa em 2002.

Naquela Copa, aliás, o elenco dirigido por Luiz Felipe Scolari contava com dois atletas que haviam disputado o Mundial sub-20. Ronaldinho Gaúcho e Kaká, porém, não foram companheiros enquanto novatos. O primeiro jogou a edição de 1999 ao lado do goleiro Júlio César e do zagueiro Juan, que só iriam a uma Copa em 2006, e o segundo esteve no torneio realizado em 2001, com a companhia do zagueiro Luisão e do atacante Adriano, que também só iriam em 2006, e do lateral-direito Maicon e o meia Júlio Baptista, que teriam de esperar ainda mais, até 2010.

Por último, Oscar, chamado por Felipão para a Copa de 2014, foi o grande nome da última edição de um Mundial sub-20 em que o Brasil esteve presente, em 2011, na Colômbia. O meia, que àquela época ainda defendia o Internacional, foi o grande nome da equipe, ao marcar todos os gols da seleção brasileira na vitória por 3 a 2 contra Portugal, na decisão da competição.

Entre os 23 brasileiros que terminaram na quarta colocação da Copa jogada no Brasil, outros cinco jogadores, além de Oscar, já haviam jogado um Mundial sub-20. O goleiro Jefferson, o lateral-direito Daniel Alves e o volante Fernandinho haviam sido campeões em 2003, nos Emirados Árabes.